Há muito que tenho me irritado com tais argumentações e, mais ainda com seus defensores, pois considero inadmissível a distorção da realidade.
Posso até admitir que entre a maioria das pessoas, a explicação simplória seja consumida com voracidade e absorvida como verdade absoluta por neurônios pouco nutridos, mas não admito nem como táctica ou estratégia, seu uso nos meios de comunicação.
Informação deve ser precisa, fatos não podem ser temperados e retemperados até que virem uma versão palatável.
Enfim, meia verdade e meia mentira não existem...
Verdade nunca foi um produto de grande sucesso entre as massas, mas nem por isso deve ser desprezada apenas para tornar o mentiroso popular.
Estamos caminhando para o fim de mais um campeonato brasileiro de futebol e mais uma vez, tenta-se deformar a verdade, com as mesmas velhas e surradas desculpas...
Forças ocultas, arbitragens, complôs, perseguições e pré-conceitos de cunho regional são argumentos vociferados quase a exaustão, são “bandeiras empunhadas” por mãos que ao empunhá-las demonstram sua indigência intelectual e seu profundo complexo de inferioridade.
Se nesse momento nos arrastamos para ficar entre os membros da Série B, não é porque nos empurraram para essa situação...
Somos um estado pobre, que sobrevive de recursos repassados pela união (assim é a imensa maioria dos estados brasileiros).
Nosso comércio se alimenta dos salários que são pagos a servidores públicos (raras são as empresas privadas que pagam salários decentes), nossa indústria inexiste, nosso campo vive sobressaltado com os humores climáticos e as cidades do interior, salvo uma aqui e outra acolá, mais consomem que produzem.
O boom que vivemos no setor imobiliário, não é fruto da melhora de vida da população autóctone, mas sim de investimentos forasteiros (muitos duvidosos e muitos apenas especulativos)...
O ABC FC nos últimos 10 anos foi talvez, o clube brasileiro que deu o mais expressivo salto de qualidade ao construir seu estádio e viabilizar seu complexo esportivo.
Também, não foi a sua visibilidade nacional que trouxe nenhuma verba milionária de patrocínio.
O Maria Lamas Farache é fruto de um momento, de uma oportunidade única e que foi aproveitada no exato instante em que surgiu.
Se foi ao acaso, ou não, nunca vamos saber, pois quem fez o negócio sempre dirá que tudo foi caso pensado, mas isso não tem a menor importância.
A época, os estrangeiros começavam a desembarcar por aqui, o euro valia quase quatro vezes o real e eles queriam comprar...
Ponta Negra era o novo eldorado dos descendentes de Pizzaro, Cabral e Marco Pólo.
Cheios de euros, desta vez, italianos, portugueses e espanhóis não chegavam como imigrantes pobres e fugidos de seus países em busca de uma oportunidade nos trópicos...
Desta vez, vinham para comprar e compravam tudo...
Em alguns casos, compraram todos!
Logo viriam os descendentes de Eric o Vermelho (não é nenhum torcedor do América) e a dança dos euros enlouqueceu a província.
A Ecocil percebeu que precisava de espaço, precisava construir e que teria que obter terrenos na área escolhida pela turma da Comunidade Européia de Nações.
Lá estava o ABC, dono de um espaço imenso e de alto valor, mas pouco usado e sem grandes perspectivas de fazê-lo crescer com recursos próprios.
Juntou-se então, a necessidade de uma construtora com a vontade do ABC de ampliar de forma significativa e real seu patrimônio...
Nasceu então o Maria Lamas Farache.
Fruto de uma circunstância gerada nos confins da Ásia por um tsunami que destruiria o turismo de lá e transferiria para cá os viajantes...
Fruto de um momento econômico em que o euro estava em franca ascensão...
Fruto de um acaso...
Cinco anos antes, nada teria acontecido, pois mesmo sendo o terreno de alto valor, nenhuma construção seria economicamente viável antes do desembarque da turma do velho mundo.
Alguns membros da imprensa deveriam dedicar parte de seu tempo, para ler mais sobre economia, entender como se movem suas engrenagens e não ficar imaginando que as coisas não são feitas por má vontade...
Deviam também, procurar ler mais sobre marketing, talvez pudessem explicar ao torcedor (como, aliás, seria o correto) quais as razões de ordem mercadológica que inibem, por exemplo, a Petrobrás de patrocinar nossas equipes, enquanto derramam rios de dinheiro na Formula 1, no Flamengo e no futebol argentino.
Essa é função primeira do jornalismo, e aí, tanto faz se no esporte ou em qualquer outro setor.
Chega de imprensa “Pravda”, “Völkischer Beobachter” e “Granma”, chega de distorcer apenas por torcer, chega de temer desagradar, pois jornalista que nunca desagradou ninguém, não é jornalista...
Faz parte da função, desagradar!
O nordeste do Brasil é grandioso e fantástico, é belo, é rico culturalmente e tem um vasto potencial econômico...
Chegaremos lá...
Bahia, Náutico e Sport, quando fizeram equipes competitivas, venceram os grandes do sul, venceram e ninguém lhes tomou nada!