sexta-feira, novembro 07, 2008

E a mala branca?

Publico por concordar em grau, gênero e número com o jornalista Vitor Birner...
Por Vitor Birner (http://blogdobirner.net)
- Ela deve estar por aí de novo.
Caso alguém não saiba, a “mala branca” é o incentivo que os times dão aos jogadores de outras equipes para que vençam suas partidas.
A dita cuja é muito comentada pelos atletas nas fases decisivas das competições.
É comum o boleiro dizer que agremiação “x” vai dar uma quantia para a “y” ganhar da “z”.
Em suma, o terceiro time interessado oferece dinheiro para os jogadores doutra equipe vencer.
Não há espécie alguma de armação, entrega de jogo, manipulação de resultados…
Tal qual me disse um personagem do futebol: “é como se fosse o bicho, mas pago por outro interessado”.
Sou contra a “mala branca”.
Contudo discordo de quem vê um crime na oferta ou aceitação dela.
Acho imoral, antiético aceitá-la.
O atleta não deveria pegar a grana.
Não é certo correr mais em troca dela.
O profissional chegou ao acordo com seu patrão, acertou salário, e isso basta para que ele faça das tripas coração pelos bons resultados.
Afinal, até que o próprio afirme o contrário, é um desportista.
Da mesma forma que o jornalista que acertou um salário de dois mil e quinhentos reais não pode fazer propaganda em troca de mais vinte mil no fim do mês.
Os vencimentos combinados com a empresa são suficientes para que ele diga a verdade e busque as informações necessárias.
E se os salários estão atrasados?
Como deve agir o jogador da equipe mediana ou pequena que ocupa posição intermediária na classificação, e não recebe o pagamento também pequeno ou mediano faz meses?
Complicado.
As contas atrasam (quem cobra juros o faz sem a menor piedade), se tiver filhos ou parentes idosos para sustentar a pressão é insuportável…
O jogador vai correr bem mais porque no fim daqueles 90 minutos finalmente conseguirá levar grana para casa.
Não é certo, concordo, mas o desespero é humano.
A labuta sem compensação que destrói a auto-estima gera insegurança e vergonha pelo atraso das contas do mês, e tira até a comida da mesa de famílias, é bem mais imoral que a mala branca.
O tema é difícil, cheio de nuances, gera diferentes opiniões, não dá para avaliar sem saber ao certo o que houve em cada detalhe, entretanto no mundo correto a mala branca não existiria.
Talvez nem o bicho existisse.
O atleta profissional exemplar, na teoria, sempre se dedica no limite sem outros incentivos.

Um comentário:

Anônimo disse...

No mundo correto, realmente não haveria espaço para a mala branca.

Entretanto creio que, no mundo real, a mala branca nada mais é do que um incentivo a mais, um fator extra de competição esportiva.

Um jogador de futebol pode ser incentivado de várias formas: o salário pago pelo clube; a paixão pela arte do futebol em geral; a paixão pelo seu clube do coração, em particular, quando defende suas cores; um patrocínio de uma grande marca, como Nike, Tim, Gilette, por exemplo; e até, porque não(?), a velha mala branca.

E num sistema de pontos corridos, entendo, então, a mala branca tem uma fator fundamental na manutenção de um bom nível de disputa ao longo de toda a competição.

Quem diria que o CRB tiraria pontos preciosíssimos de Fortaleza e América?

Tudo bem. O CRB é uma aberração. Não se estruturou para esta série B, não paga salários em dia, etc, o que provalmente provocou o rebaixamento precoce. Em condições normais, estaria ele brigando ainda, com suas próprias forças.

Como são anormais as condições, depende de forças externas, que apenas estimulam.

Ora, na prática, é como que o CRB não tivesse patrão e o primeiro que aparecer na sua frente, com uma mala branca, então, será por demais bem acolhido.

Enfim, mala branca é uma aberração, consequência de outras tantas que atingem a administração do futebol brasileiro.

É isto.