- Morreu aos 64 anos Roberto Dias, e com ele morre em cada um de nós que vivemos aquela época, a alegria dos anos em que ainda acreditávamos que o jogo era limpo e que os dirigentes eram sérios. Roberto Dias vestia a camisa do São Paulo, era zagueiro, mas vez por outra assumia o meio campo na função que hoje chamamos de volante. Porém meus jovens leitores, não imaginem um zagueirão corpulento, decidido a livrar sua área dos perigos com chutões para o alto e bordoada nos adversários. Não tentem imaginar Roberto Dias com base nos exemplos dos atuais volantes. Por favor, não façam isso. Seria um crime! Seria um pecado mais mortal que desrespeitar pai e mãe. Roberto Dias era clássico, leve, rápido, vigoroso sim, mas leal e certeiro. Não cometia faltas por chegar atrasado ou por estar mal posicionado, as cometia como parte do jogo e não como arma de quem não sabe jogar. Roberto Dias tocava na bola como quem acaricia o rosto de um filho, não a matava no peito, nem nos pés. Roberto a trazia para junto de si e a aconchegava como quem abraça a mulher amada. Seus passes não eram para se livrar da bola, não... Seus passes eram presentes ofertados aos companheiros. Roberto Dias não corria, ele levitava nada nele lembrava um defensor disposto a tudo para evitar a queda de seu gol. Muito pelo contrário, Roberto não roubava a bola dos adversários, ele a recuperava e o fazia certo de ela, a bola, não se sentiria ultrajada, pois quem o viu jogar sabe que um foi feito para o outro. Que o diga Pelé, que muitas vezes viu sua amiga sair faceira e feliz, nos pés do grande Roberto Dias nas tardes ensolaradas dos muitos domingos que o tempo levou.
Este espaço não propõe defesa nem ataque a nenhum clube ou pessoa. Este espaço se destina à postagem de observações, idéias, fatos históricos, estatísticas e pesquisas sobre o mundo do futebol. As opiniões aqui postadas não têm o intuito de estabelecer verdades absolutas e devem ser vistas apenas como uma posição pessoal sujeita a revisão. Pois reconsiderar uma opinião não é sinal de fraqueza, mas sim da necessidade constante de acompanhar o dinamismo e mutabilidade da vida e das coisas.
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