O artigo abaixo é da Professora Doutora em Educação e Jornalista, Carminha Soares. Carminha (vou me permitir à quebra das formalidades) é uma mulher fascinante, torcedora apaixonada pelo ABC, mas como toda pessoa culta, consegue dialogar com serenidade e procura argumentar com solidez.
Seu artigo publicado na Tribuna do Norte no dia 10 de Setembro passado e que, tenho a honra de publicar agora, não se perde no tempo, muito pelo contrário, há de continuar atual por longo tempo, pois aborda um assunto que merece por parte de todos nós profunda reflexão.
Portanto, peço a cada leitor que leia com atenção e depois, se possível, reflita por alguns minutos...
Carminha Soares vai deixar em seu coração o mesmo ponto de interrogação que deixou no meu!
Seu artigo publicado na Tribuna do Norte no dia 10 de Setembro passado e que, tenho a honra de publicar agora, não se perde no tempo, muito pelo contrário, há de continuar atual por longo tempo, pois aborda um assunto que merece por parte de todos nós profunda reflexão.
Portanto, peço a cada leitor que leia com atenção e depois, se possível, reflita por alguns minutos...
Carminha Soares vai deixar em seu coração o mesmo ponto de interrogação que deixou no meu!
- As críticas que fazemos ao conceito de INCLUSÃO alusivo aos jogos paraolímpicos, por sua qualidade excludente, é o que chamamos de artimanhas de uma falsa inclusão. Equilíbrio, comunhão e união são cernes do ideário Olímpico em todo seu processo histórico, desde sua origem na antiguidade grega até a versão "moderna" dos jogos na atualidade.
Ao invés de, realmente, visar à eliminação das desigualdades, busca aprimorá-las. Revelam erro, imprecisão e contradição de sentidos que contribuem para o processo de exclusão social.
Quem são os excluídos, disfarçados em incluídos? Somos todos nós!
Quando não podemos optar pelo que queremos ver, estamos excluídos literalmente. Inclusive, o fato de não poder assistir a uma final de basquete jogado em cadeira de rodas, de natação, atletismo, por exemplo, em tempo real.
E é nesse contexto de celebração entre os povos que a globalização apropria-se do conceito comunicacional para mascarar e transmitir significados culturais e econômicos, que contribuem cada vez mais para a exclusão social. Diante desse quadro, as relações de influência que a mídia exerce na sociedade, no tocante à inclusão das pessoas com deficiência, deveriam fundamentar sua missão de colaborar de modo a gerar uma mudança no pensamento das pessoas e das instituições que atuam na área.
Entretanto, ao terminar a cobertura dos Jogos Olímpicos em Pequim, a TV Globo colocou sua seta indicando o próximo caminho: “África 2010”, e a ESPN colocou sua bandeira em “Londres 2012”. Ali acabava sua cobertura! E as Paraolimpíadas? Nenhuma palavra! Sinceramente não sabemos o que lhe foi reservado de visibilidade midiática. Alguns flashes? Algumas informações curtas? Alguns momentos de consagração de atletas como o mérito de Daniel Dias medalha de ouro na natação no cubo de Pequim? Paradoxal! A consagração é real, mas o tempo midiático não é instantâneo, não é real.
Como romper com esse paradigma? Paulo Freire, ao proferir palestra em Natal, promovida pelo jornal Diário de Natal, em 1992, deixou-nos uma frase célebre “Só aprende quem tem coragem de abandonar o velho e mergulhar no novo, mesmo com toda a vertigem que o salto provoca”, que reforça a necessidade de mudança pessoal e social. O autor se concentra na coragem de mudar, mesmo que essa mudança implique lutar contra valores arraigados na sociedade, levando-nos a perceber que a natureza dos homens é a mesma; independentemente de serem pessoas sem deficiência ou com deficiência, são seus hábitos, seus preconceitos e estereótipos que os mantêm separados.
É preciso estimular uma cultura de solidariedade, entre os homens, que favoreça mudanças de atitudes, onde o desenvolvimento humano possa ser baseado na justiça, na solidariedade e na ética. Na verdade, as ações voltadas para as práticas da inclusão social repousam, ainda, em princípios relativamente desconhecidos, como a aceitação das diferenças individuais, a valorização de cada pessoa e a convivência dentro da diversidade humana.
Vale à pena refletir o papel da mídia. É o mínimo que nós, telespectadores dos canais abertos e assinantes dos canais fechados, esperamos de uma mídia democrática e cidadã. Não temos o direito de estigmatizar, de atribuir uma marca que virá sempre à frente da pessoa. Não podemos classificá-la pelo seu aspecto de apresentação, é preciso conhecê-la mais de perto, ver suas dificuldades e potencialidades. E, para isso, é preciso vê-la.
Afinal, belo seria estarmos juntos num único evento com um único olhar!
Carminha Soares.
Ao invés de, realmente, visar à eliminação das desigualdades, busca aprimorá-las. Revelam erro, imprecisão e contradição de sentidos que contribuem para o processo de exclusão social.
Quem são os excluídos, disfarçados em incluídos? Somos todos nós!
Quando não podemos optar pelo que queremos ver, estamos excluídos literalmente. Inclusive, o fato de não poder assistir a uma final de basquete jogado em cadeira de rodas, de natação, atletismo, por exemplo, em tempo real.
E é nesse contexto de celebração entre os povos que a globalização apropria-se do conceito comunicacional para mascarar e transmitir significados culturais e econômicos, que contribuem cada vez mais para a exclusão social. Diante desse quadro, as relações de influência que a mídia exerce na sociedade, no tocante à inclusão das pessoas com deficiência, deveriam fundamentar sua missão de colaborar de modo a gerar uma mudança no pensamento das pessoas e das instituições que atuam na área.
Entretanto, ao terminar a cobertura dos Jogos Olímpicos em Pequim, a TV Globo colocou sua seta indicando o próximo caminho: “África 2010”, e a ESPN colocou sua bandeira em “Londres 2012”. Ali acabava sua cobertura! E as Paraolimpíadas? Nenhuma palavra! Sinceramente não sabemos o que lhe foi reservado de visibilidade midiática. Alguns flashes? Algumas informações curtas? Alguns momentos de consagração de atletas como o mérito de Daniel Dias medalha de ouro na natação no cubo de Pequim? Paradoxal! A consagração é real, mas o tempo midiático não é instantâneo, não é real.
Como romper com esse paradigma? Paulo Freire, ao proferir palestra em Natal, promovida pelo jornal Diário de Natal, em 1992, deixou-nos uma frase célebre “Só aprende quem tem coragem de abandonar o velho e mergulhar no novo, mesmo com toda a vertigem que o salto provoca”, que reforça a necessidade de mudança pessoal e social. O autor se concentra na coragem de mudar, mesmo que essa mudança implique lutar contra valores arraigados na sociedade, levando-nos a perceber que a natureza dos homens é a mesma; independentemente de serem pessoas sem deficiência ou com deficiência, são seus hábitos, seus preconceitos e estereótipos que os mantêm separados.
É preciso estimular uma cultura de solidariedade, entre os homens, que favoreça mudanças de atitudes, onde o desenvolvimento humano possa ser baseado na justiça, na solidariedade e na ética. Na verdade, as ações voltadas para as práticas da inclusão social repousam, ainda, em princípios relativamente desconhecidos, como a aceitação das diferenças individuais, a valorização de cada pessoa e a convivência dentro da diversidade humana.
Vale à pena refletir o papel da mídia. É o mínimo que nós, telespectadores dos canais abertos e assinantes dos canais fechados, esperamos de uma mídia democrática e cidadã. Não temos o direito de estigmatizar, de atribuir uma marca que virá sempre à frente da pessoa. Não podemos classificá-la pelo seu aspecto de apresentação, é preciso conhecê-la mais de perto, ver suas dificuldades e potencialidades. E, para isso, é preciso vê-la.
Afinal, belo seria estarmos juntos num único evento com um único olhar!
Carminha Soares.
Um comentário:
Como a querida, e não menos sensível, Carminha diz: "lindo é estar junto". Este artigo bem que deveria ser lido e usado como a "cartilha de conscientização midiática".Não é culpa tão somente da população, o despreso porque passa a causa dos deficientes, quer seja no esporte, quer seja na vida em suas mais variadas formas. A Mídia é responsa´vel direta por boa parte da "mentalidade" difusa(por que não confusa?!) na sociedade. Assim mesmo, encontramos pessoas que trilham suas vidas na "contra-mão" disso e, sem pedir nada em troca, senão a serena atitude de mudança de olhar. Um olhar único,sem distinções. Carminha é assim! Tudo que faz, faz por humanidade(que a muitos falta), pela convicção, visionária que és, de que tocando as pessoas em seus "âmagos", possívél torna-se, pois, modificar a realidade então torpe, que assola nosso mundo há tempos, no que tange à questões de igualdade. Não é um, ou dois, ou três textos, ou uma obra acadêmica, apenas, que expressão o compromentimento de Carminha com o ideário social de justiça. Não! Mais que isso. É uma vida inteira dedicada ao outro. À quem está ao lado. Acaso você conhece exemplo parecido? Eu não! Não se adimire se, um dia, uma linda mulher de coração nobre, pequena em estatura, gigante em espírito, lhe for apresentada e, em seguida você sinta-se, por mais contraditório que possa parecer, pequeno, após ouvir as palavras de ssa mulher. Isso é NORMAL...Ah, só não deixe que isso lhe faça sentir-se DIFERENTE. Afinal, como se diz - e Carminha melhor que qualquer pessoa prega essa "bandeira" - somos todos IGUAIS...
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