A carreira de uma das grandes estrelas do Real Madrid está chegando ao fim, mas diferentemente das carreiras mal planejadas, o crepúsculo de Raúl Gozález Blanco (curiosamente, seu sobrenome é também a cor do Real Madrid), não será melancólico, nem ele está fadado ao esquecimento...
Nascido em Madrid, no modesto bairro de Colônia Marconi, Raúl começou sua carreira nas categorias de base do San Cristóbal de los Ángeles no distrito de Villaverde, aos dez anos, levado por seu pai...
Depois de três anos, Raúl, novamente carregado pelas mãos do pai, Pedro Gonzáles, desembarcou no Atlético de Madrid, jogou por dois anos na equipe rojiblanca e desde sua chegada, mostrou que havia um futuro brilhante a sua espera...
No primeiro ano, Raúl marcou 65 gols e o Atlético permaneceu invicto...
Na segunda temporada, Raúl repetiu o feito, mas quis o destino que Jesus Gil, então presidente do clube – uma espécie de Eurico Miranda espanhol – cerrasse as portas das bases do clube, sob a legação de problemas financeiros...
Imagine a felicidade dos dirigentes do Real, um jovem promissor, livre, completamente livre, para se juntar a eles.
Em 1992, Raúl entrou pela porta principal do Santiago Bernabéu e de lá nunca mais saiu.
Raúl nunca foi um rebelde, mas também nunca foi um Uriah Heep (personagem de Charles Dickens, na novela David Copperfield), Raúl soube entender o que desejava a massa e com base nesse desejo, moldou seu comportamento – é o maior xodó da torcida do Real, mesmo diante da interminável fila de craques que por lá passam – mas, nunca se furtou de opinar e nem sempre, suas opiniões foram bem vistas pela direção do clube – é fácil para quem acompanha o dia a dia do clube, perceber a tensão entre ele e o atual presidente, Florentino Pérez.
Com jogado, Raúl nada tem a provar, ganhou tudo que um atleta pode ganhar, jogando por um clube...
Foram 6 Campeonatos Espanhóis, 4 Supercopas da Espanha, 3 Ligas da UEFA, 2 Mundiais de Clubes e uma Supercopa Européia...
Pessoalmente, Raúl foi por duas vezes o artilheiro maior da Espanha (1999 – 25 gols e 2001 – 24 gols), duas vezes artilheiro da Liga dos Campeões da Europa (2000 – 10 gols e 2001 – 17 gols), 5 vezes, escolhido como o melhor jogador da Espanha, uma vez escolhido como o melhor atacante de Liga dos Campeões Europeus, três vezes, escolhido o melhor atacante da Europa e em 2001, foi escolhido pela UEFA como o segundo melhor jogador europeu e pela FIFA, o terceiro melhor do mundo...
Para finalizar, recebeu do Jornal Esportivo Marca, o troféu Alfredo Di Stéfano, como o melhor jogador espanhol de temporada 2007/2008.
Agora, aos 32 anos, Raúl diz que é hora de deixar o Real, abrir caminho para outros e desfrutar o prazer de jogar futebol, sem cobranças, sem polemicas e debates e sem a necessidade de bater recordes...
Raúl que terminar seus dias como atleta num ambiente menos estressante e, para isso, já prepara sua ida para a Major Soccer League dos Estados Unidos.
E, mesmo que o clima não seja dos melhores entre ele e Florentino Pérez, o presidente “merengue” prepara uma grande festa de despedida, tão grande como foi à carreira de Raúl no Real.
Raúl é amado pelos torcedores, sócios, atletas, ex-atletas e respeitado pela estrela maior, Alfredo Di Stéfano, não vai deixar que suas razões pessoais interfiram – Florentino Pérez, não é burro, não é suicida, e por isso, dirige o maior clube de futebol do planeta.
Mas, Raúl vai voltar um dia, e seguir o destino de todos os grandes jogadores do Real: fazer parte do corpo diretivo do clube ou, quem sabe, tentar repetir o feito de outros e assumir a equipe como treinador – os sócios e fãs do clube sonham com o seu Pepe Guardiola.
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