terça-feira, fevereiro 23, 2010

Segundo o Dicionário Aurélio, todos nós somos, fomos ou seremos patifes!

Segundo o Novo Dicionário Aurélio, o adjetivo Patife, significa:


1 – Desavergonhado, descarado, insolente,

2 – Tratante, velhaco, maroto,

3 – Tímido, fraco, pusilânime, covarde.


O feminino de patife é patifa.


Fui buscar o significado do adjetivo patife, para melhor entender a razão da tamanha revolta que o seu uso pelo advogado e presidente do Sindicado dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Norte, Felipe Augusto, causou nos nossos dirigentes...


Existe razão para tanta revolta?


Talvez sim, talvez não...


Vejamos:


Se um homem corteja uma mulher casada ou que esteja por outro acompanhada numa festa, ou via pública, sem sentir nenhum constrangimento ou vergonha por isso, pode ser chamado de patife?


Segundo o Aurélio, sim!


Uma pessoa que tem o descaramento de mentir num depoimento diante da justiça para obter vantagens para si ou para outrem pode ser considerada um patife?


Segundo o Aurélio, sim!


Alguém que tenha cometido uma grosseria com quem quer que seja ou tenha sido malcriado com um avô ou um professor, será classificado como insolente e, portanto, terá cometido uma patifaria?


Segundo o Aurélio, sim!


Quem marca um encontro, falta e não dá satisfação, pode ser visto como um patife?


O Aurélio diz que sim!


Um amigo que pede um livro emprestado, um disco ou mesmo uma merreca e não devolve, é um patife?


Infelizmente sim, segundo o Aurélio.


Dizer para uma mulher que a ama, que quer estar a o lado dela e que ela é a única em sua vida, com o único objetivo de possuí-la é patifaria?


Yes, afirma o Aurélio.


Sentir vergonha de falar em público, fugir a responsabilidade no momento de tomar uma decisão, sair correndo depois de levar uns gritos, são patifarias?


Mais uma vez, o Aurélio diz que sim...


Então, se o Aurélio tem razão, todos nós, somos, fomos ou seremos em algum momento de nossas vidas, patifes!


Talvez o grande problema esteja no grau de patifaria que cada um de nós, ache ser mais confortável socialmente falando – o que cá entre nós, é outra patifaria (segundo o Aurélio).


Mas enfim, o acima escrito tem por objetivo mostrara que enquanto a imprensa dava realce ao acessório, o fundamental foi deixado no esquecimento...


Felipe Augusto mentiu ao afirmar que jogadores de futebol são coagidos a assinar rescisões contratuais no ato da assinatura de seus contratos?


Mentiu ao dizer que os salários colocados nas carteiras de trabalho, nunca ou quase nunca correspondem aos ganhos reais?


Mentiu ao dizer que a grande maioria dos jogadores desconhece seus direitos trabalhistas?


Mentiu ao afirmar que é praxe nos clubes, a retenção das carteiras de trabalho de seus atletas?


A troca de favores entre dirigentes e empresários, é alguma alucinação de Felipe Augusto?


Enfim, Felipe Augusto, mentiu ou não?


Não vi...


Não li...


E não ouvi nenhum dirigente dizer que Felipe Augusto mentiu sobre essas afirmações.


Todos correram para dizer:


"Eu não sou patife!"


"Aponte os patifes"!


Outros disseram: "Nunca vi um contrato de jogador em minha vida"!


"Nunca assinei nada"!


Sobre as demais afirmações de Felipe... Silencio!


Mas faltou Felipe Augusto dizer muito mais...


Porém, é bom deixar claro, que não são santos os jogadores...


A grande maioria pede para que seus salários em carteira sejam o mínimo possível, pois assim, escapam da mordida do leão, do INSS e fogem das pensões que costumam dever as muitas Maria Chuteira ou moças incautas que imaginaram serem as mulheres da vida desses patifes (segundo o Aurélio).


Pedi a dois amigos jornalistas que lessem a entrevista de Felipe Augusto no Jornal Tribuna do Norte, publicada no último domingo: um deles milita na imprensa carioca e ou outro em Brasília e ambos disseram o seguinte: é tudo verdade!


Não satisfeito, solicitei a mais dois amigos – agentes de futebol – que também dessem sua opinião e, para me sentir ainda mais seguro, pedi a meu filho – hoje ex-atleta – que me dissesse se já havia passado por tal situação e se conhecia algum fato que comprovasse as afirmações de Felipe.


Um dos agentes disse:


Fernando, não é ético que o presidente do sindicado, também atue como advogado de jogadores, mas em relação ao que ele disse, não há o que retocar, é tudo verdade.


Ambos concordam que Felipe não mentiu, e ambos concordam que ele erra ao representar atletas enquanto exerce a presidência do sindicato...


Em relação ao meu filho, ele riu e disse: ele só disse isso?


Vixe pipocou então, tem muito mais...


Pergunte a ele, se já ouvi falar no coletivo da meia noite?


Pergunte se já ouviu falar de salários pagos aos medalhões enquanto todo o resto fica chupando dedo?


Ah, vai pai...


O senhor viveu isso comigo...


O senhor sabe.


É verdade, sei o que ele passou e me lembrei deu uma conversa que tive com um jovem atleta que me disse:


“O senhor precisa saber que o futebol é uma penitenciária a céu aberto, e o 171, é o artigo onde muita gente devia ser enquadrada”.


Nada mais foi dito, por que nada mais foi perguntado.


Só agora trato desse assunto por uma razão:


Precisava esperar pelas repercussões, não queria opinar sem antes ler tudo e todos...


E encerro minha participação com a seguinte conclusão...


Errou Felipe Augusto quando adjetivou sem identificar, e esse seu erro, tirou o foco da questão principal e fez com que o acessório ganhasse o palco, enquanto que o principal se perdeu na coxia...


Errou a imprensa que não percebeu a importância do seu papel e ao invés de fazer história, ficou a reboque de uma discussão vazia sobre quem era quem ou o que...


Erraram os dirigentes, ao não vir a público e mostrar que seus clubes não pactuam com a práxis denunciada...


Enfim, erram os jogadores que em nome da empregabilidade, aceitam a exploração...


Link da entrevista do advogado e presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Norte...

(http://tribunadonorte.com.br/noticia/felipe-augusto-os-dirigentes-sao-uns-patifes/140944)

Um comentário:

Anônimo disse...

Fernando,
Mais uma vez você foi preciso e imparcial na sua análise. Todos somos sabedores da podridão que reina nos bastidores do futebol. O esporte que fascina a grande maioria do nosso povo, serve para encobrir e desviar o foco dos problemas sociais que nós atinge; dos atos inescrupulosos praticados pelos governantes; quando não, servem os times para lavagem de dinheiro ganhos de forma ilícita pelos seus dirigentes; e por ai vai. Talvez seja uma das razões da subida vertiginosa (ganharam campeonatos ano passado) dos dois times de maiores torcidas do nosso país, que figuram ainda na lista de maiores devedores de INSS e etc... O futebol é utilizado para enganar e alienar o povo! Para que vai servir a Copa de 2014 no Brasil? Natal como cidade sede, derrubada do Machadão, quem vai se beneficiar com isso? Foi em razão da utilização da máquina do futebol em proveito próprio, que figuras como João Havelange, Eurico Miranda, Ricardo Teixeira, e tantos outros conseguiram ficar milionários, enquanto as instituições que eles representam ou representavam faliam. Isso é o futebol: "uma máquina de enganar incautos e frabricar milionários".