Logo abaixo, o leitor irá encontrar um tópico, onde o jornalista Eric Dias, faz um desabafo e em seu desabafo, pergunta: “O que eu vou dizer ao chegar em casa”? Vou tentar dar as respostas que tanto angustiam meu colega e amigo.
Ao chegar em casa meu caro Eric, creio que deva entrar de cabeça erguida, mesmo que seu olhar não tenha o brilho da vitória e que a decepção esteja estampada em seu rosto. Você não foi diferente de ninguém, sua crença no favoritismo do América, era a crença de todos nós, todos mesmo... Até os que torceram contra, acreditavam nesse favoritismo, pois não conheço ninguém que perca tempo torcendo contra um derrotado. Ter vestido as cores do seu clube, empunhado sua bandeira e acreditado na vitória, não precisa ser explicado, assim como fácil é explicar seu sacrifício na compra do ingresso majorado... Você, apenas fez o que tinha que fazer! Afinal, que culpa você tem, diante do oportunismo, da falta de sensibilidade e do desrespeito, para com os que como você, acreditaram desde o início? Meu querido amigo, o mundo dos negócios é assim, se muitos amam uma mesma coisa, os que, tem o controle sobre o objeto idolatrado, elevarão seu preço, essa é à base do processo econômico. Talvez você tenha dificuldade em explicar sua passividade ou como você diz, comodismo, mas lembre-se, é bem possível, que você seja obrigado a rever sua ótica de torcedor... Os que realmente amam seu time, não vaiam, não xingam, não lançam impropérios, nem se calam diante da derrota. Os que verdadeiramente amam, choram... Choram a lágrima sentida, sofrida, mas choram por amor e por decepção, nunca por raiva ou desespero... Só age assim, aquele que tem mais temor do escárnio do adversário, que amor por seu clube. Só age assim, aquele que condiciona seu amor ao resultado.
Quanto aos jogadores, sei que cada um terá uma explicação, mas pense com carinho, no que vou escrever agora. Será que é possível alguém, ser genial o tempo todo? Será que o excesso de euforia, não ajudou a criar nesses jogadores certo clima de vitória antecipada? E por fim, quando eu ainda era mais jovem e ainda acreditava, que as partidas de futebol, eram decididas dentro das quatro linhas, por onze valentes guerreiros... Costumava achar que todo o esforço era insignificante, se meu clube perdia. Mas se vencíamos, enaltecia qualquer jogada tosca como brilhante e qualquer perna de pau, era craque de bola... Pense nisso!
Quanto ao treinador, esse dirá que insistiu com o Thiago Cavalcante, por que esse tem características, mais apropriadas para o tipo de jogo por ele desenhado (eis aí, algo difícil de ser refutado, mesmo que não queira dizer absolutamente nada, em ouvidos, menos qualificados, soam como perfeitamente plausível).
Agora chegamos ao ponto crucial, o que irá dizer ao chegar em casa o dirigente... Dirá o que sempre dizem: “Fiz tudo o que podia fazer, sacrifiquei minha família, meus negócios e meu bolso, mas não sou eu quem escala o time, nem posso estar em campo, para defender e atacar... Minha consciência está tranqüila”. Em relação aos fogos, a carreata e ao palco antecipadamente montado... Você assim como eu, sabe que isso, tem muito mais de promoção pessoal, do que o ato comemorativo em si. Em relação ao preço do ingresso, acima, já coloquei as razões, porém, sobre assumir as responsabilidades diante dos compromissos financeiros, nada posso dizer... O que sei, é que alguns honram, outros não.
Para terminar meu caro amigo, entendo seu sentimento de perda, entendo sua sensação de vazio, mas não se sinta tão mal, seu erro foi o de todos nós... Seu erro foi ser mais coração que razão, foi desprezar o imponderável, foi repetir Tróia, que fez ouvidos moucos aos avisos de Cassandra e levou para dentro dos muros o belo cavalo de madeira oferecido pelos gregos... Nós amigo, somos humanos e os humanos, adoram comprar ilusões.