sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Amigos precisam ser sinceros sempre, pois nem sempre estamos certos...

Carlos Eugênio Mendes Cleto e Mario Sérgio Figueiroa são meus amigos, o primeiro a 40 anos e o segundo a cerca de uns 19 ou 20, se não estou enganado e ambos têm sobre mim, a mesma opinião: “Ser seu amigo não é tarefa fácil, pois sua sinceridade chega a ser cruel”!


Mas por outro lado, ambos costumam dizer que sou um desses sujeitos com quem se pode contar para o que der e vier...


Exagero a parte, tenho que concordar com o Cleto e o Mário que costumo ter posições, e isso, tem me custado alguns dissabores com elação aos que preferem a omissão ou a bajulação.


Certa vez, um amigo me procurou para tratar segundo ele, de um assunto muito sério e pessoal – estava propenso a deixar sua esposa - e eu, me dispus a ouvir, afinal, amigos mais que boca, tem que ter ombros e ouvidos sempre disponíveis (em alguns casos bolso também).


Fomos jantar e depois, fiquei horas a fio a vê-lo consumir doses de uísque e a falar sobre seu descontentamento com o casamento e sua esposa...


Foi um longo discurso, por vezes afetado, por vezes repleto de mágoas, mas sempre fazendo questão de se eximir de qualquer culpa – dizem que isso é normal – vá lá que seja, mas acredito que encontrar um ou outro defeito em si mesmo, ajuda a angariar a simpatia do interlocutor em ocasiões assim.


Quando finalmente ele parou, veio momento que eu mais temia: ele me olhou e disse – o que você acha, preciso de sua opinião?


Em resposta, lhe devolvi: “você tem certeza que quer saber o que eu penso”?


Ele disse: “claro porra, somos amigos e o procurei por confiar em seu bom senso”!


Muito bem disse eu, vamos lá...


Você é casado há 20 anos e, levou esse tempo todo para descobrir todos esses defeitos em sua mulher?


Caramba vai ser lerdo assim no inferno!


Não conte mais isso para ninguém, pois vai parecer que você está assinando um atestado de burrice.


Mas, por outro lado, vamos aos fatos:


Quando vocês se conheceram na faculdade, você era um Zé Mané, que vivia a filar cigarro, carona e uns trocados da rapaziada por estar sempre duro..

.

Você era inteligente, agradável, estudioso, gente boa e um monte de coisas mais – mas, era duro!


Ela te conheceu assim não foi?


Pois bem, você bem sabe que todos comentavam que você era um cara de sorte, pois mesmo sendo pobretão, tinha conquistado uma das meninas mais bonitas e gostosas da turma...


Ela por sua vez, costumava dizer que você era um sujeito especial, tinha vontade, tinha garra, tinha alegria e era confiante: essas eram algumas das razões que ela usava como justificativa diante das amigas, mas havia a mais importante a meu ver – ele amava o que você era e não, o que você tinha!


Pois bem, vou encurtar...


O tempo passou, ela ficou velha, você também, mas acho que ainda não lhe caiu a ficha...


Você virou um profissional de primeira linha, ganhou respeito, fama e melhor: ganhou grana, muita grana!


E é aí que eu acho que está a questão...


Posso estar errado, mas é assim que vejo essa situação.


Você se acha um cinqüentão ainda aprumado (também acho) e sua mulher tem hoje, 49 anos...


Ela ainda é bonita, mas aos seus olhos, perdeu o encanto – creio ser normal, afinal a convivência e a intimidade causam estragos mesmo.


Como quase todo cinqüentão que ganhou grana e ficou poderoso, você começou a se questionar sobre os prazeres que a grana podia comprar e a sedução que o poder podia realizar...


Rico, dono de negócios importantes, amigo dos caras e todas aquelas menininhas dando sopa...


Por que não?


Por que ficar preso a uma mulher de 49 anos, quando centenas de “gatinhas” dariam tudo para passear no seu barco e andar numa das três porcarias que você vive a se vangloriar de serem máquinas potentes, caras e coisa e tal...


Quem não gostaria de lhe fazer companhia, em suas inúmeras viagens transatlânticas de negócios?


Você ganhando grana a cada contrato fechado e ela a flanar descompromissadas, gastando parte da grana que certamente não lhe fará falta.


Afinal, a noite compensará não é?


Pois bem, o tempo lhe garantiu inúmeras conquistas, mas também lhe infectou com o vírus da hipocrisia...


Preferia quando você chegava de mansinho e envergonhado dizia: “Fernando, estou duro, tu tem um trocado que possa me arranjar e um cigarro”?


Aquilo era sincero, mesmo que fosse aos olhos da maioria, humilhante.


Faça assim, diga que cansou de estar casado, diga que está querendo cair na gandaia e “comer” o maior número possível de gatinhas doidivanas que pululam as noites e as festas que você freqüenta...


Se você me disser isso, vou compreender e até lhe dar apoio, mas pintar sua mulher como uma mala, uma chata e um estorvo, não dá...


Desculpe, mas não dá mesmo!


Estático, meu amigo permaneceu calado, pediu a conta e fez um gracejo: “essa eu pago, é para compensar os muitos trocados que te devo” (risos).


Despedimos-nos e cada um seguiu seu rumo...


Continuamos grandes amigos, ele continua casado e talvez, até “coma” algumas menininhas por aí – não dá para ser perfeito e hipocrisia faz parte da vida cotidiana de todos nós.


Fiz esse longo contorno, para mostrar que amizade não pode estar baseada na máxima troncha de que amigo nunca tem defeito – os meus tem, eu tenho e se qualquer um deles disser que não tenho, estará mentindo.


Portanto, me sinto a vontade para rebater meu amigo Pedro Neto que hoje, ao menos a meu ver, cometeu um deslize ao postar em seu blog, sua opinião sobre a reivindicação do Maranhão e do Piauí, que desejam entrar na Copa do Nordeste...


Sob o título “Não será para bom ninguém a entrada dos dois”, o texto diz o seguinte:


A intenção das Federações do Maranhão e Piauí de participarem da Copa do Nordeste parece que ficará apenas na vontade.

São vários os problemas para que os dois estados venham participar da Liga do Nordeste.

Entre eles podemos citar: A distância dos dois estados em relação aos demais da região. O custo/beneficio com a entrada dos dois estados na Liga. O regulamento da competição que não permite a entrada de outras equipes se não houver unanimidade entre os clubes que fazem parte da Liga.

Como se tudo isso não bastasse não vejo atrativo algum na entrada das equipes dos estados do Piauí e Maranhão, com todo respeito aos estados e aos clubes, entretanto isso é a mais pura realidade.

Não tenho a menor dúvida de que a Copa do Nordeste continua sendo a menina dos olhos dos grandes clubes nordestinos, contudo, será preciso uma união de forças entre as Federações de futebol, Liga, dirigentes, clubes e a sociedade que gosta de futebol como num todo, afinal, estamos falando em alguns milhões de reais nos cofres dos nossos clubes.

Os dirigentes da Liga do Nordeste e os dirigentes dos clubes têm todo o direito de pensar diferente do que penso, entretanto, temos que olhar pelo lado financeiro, então, olhando assim, não existe a menor possibilidade da participação dos estados, todavia, os dirigentes é que deverão decidir.

Se analisarmos friamente os estados do Maranhão e Piauí estão muito mais para a região Norte do que para o Nordeste. Comidas, costumes, tradições, traços e outros principalmente a localidade.

A razão sempre deve estar acima da emoção!


Bem, não concordo com nada do que Pedro escreveu, mas respeito seu ponto de vista e por respeitar, parto para o debate, pois considero que é através da discussão amparada em bases intelectuais é que se pode buscar o aperfeiçoamento.


Piauí e Maranhão são estados geograficamente nordestinos e, portanto, excluí-los seria amputar parte do corpo, seria aleijar a região...


Pedro em defesa de sua tese, afirma que são vários os problemas que impedem a participação dos dois estados, mas cita apenas três:


A distância física de ambos, o custo/benefício dos dois em relação à Liga e por fim, o regulamento da Liga que segundo Pedro, só permite novos participantes, com anuência unanime de todos os seus membros...


Certo, coloco aqui os meus questionamentos:


Natal é mais distante de Teresina do que é de Salvador?


A viagem de Fortaleza para São Luis é mais longa que para Maceió?


Creio que não.


Por outro lado, o que significa custo/benefício nesse caso?


Excluir as populações de Teresina e São Luis é um benefício?


Perder a possibilidade de aumentar a venda das cotas de TV é benefício?


Incluir o Sampaio Correa, o Moto Clube, o Flamengo e o River, implicaria em que custos?


Eles encareceriam mais a competição do que Sergipe, Confiança, Treze, Campinense, América, ABC, CRB, CSA e os outros?


Como?


Quanto?


Pedro também afirma que não vê nenhum atrativo na participação dos dois estados...


Discordo!


As torcidas de Sampaio e Moto, são tão apaixonadas quanto às de América e ABC e, posso quase afirmar que a média de público desse clássico, não fica a dever a quase ninguém na região.


Meu filho jogou no Sampaio, participou do clássico – pergunte a ele, como estava o estádio?


Pergunte como foi à pressão antes durante e depois do jogo e por fim, pergunte o que é jogar 45 minutos com a torcida do Moto fungando no seu cangote, tendo apenas um alambrado como proteção?


O mesmo se pode dizer de Flamengo e River...


Paulo Moroni está por aqui, pergunte a ele?


Sampaio, Moto, River e Flamengo, fazem parte de Estados pobres é verdade, mas nós potiguares, somos ricos?


A Paraíba é rica?


Alagoas é um oásis?


E a Bahia, é a nossa Dubai?


Recife é por acaso Paris?


Não!


Somos todos pobres no frigir dos ovos, talvez uns andem de bicicleta, outros de ônibus e uns poucos tenham bons carros, mas no fim das contas, somos pobres...


Em relação ao lado financeiro, creio que acima já deixei alguma impressão, mas deixo mais uma questão:


Não é mais fácil lotar qualquer estádio no Maranhão e no Piauí, diante de um Sport, Santa Cruz, Bahia e Vitória que o contrário?


Não me espantarei se a torcida do Moto colocar mais gente em seu estádio diante do ABC ou do América que vice-versa.


Em relação aos costumes, comidas e tradições, não creio que sejam esses fatos excludentes, pois não me consta que fora Maranhão e Piauí, os outros estados sejam absolutamente homogêneos.


Pois bem, creio que já fui prolixo demais, portanto encerro por aqui, certo que Pedro Neto não teve nenhuma intenção de ser preconceituoso ou de menosprezar os Estados do Maranhão e do Piauí...


Acredito que se ao contrario do que afirma, ao final de seu texto, se realmente racionalizar, Pedro verá que sua posição foi apenas um deslize, um descompasso com o verdadeiro Pedro Neto, sujeito que conheço e admiro!



3 comentários:

Sérgio Henrique disse...

Caro Fernando Amaral, sou Natalense torcedor do ABC. Desde de meados de 2004 que, por ossos do ofício, ando pelas terras piauiense e hoje moro em Teresina há quase 1 ano e meio. O que vejo aqui é um povo apaixonado (doente mesmo) pelos clubes do eixo Rio-São Paulo, principalmente os cariocas Flamengo e Vasco. O futebol local é renegado pela torcida e, francamente, não sei quem nasceu primeiro se o ovo ou a galinha.
Esse ano a situação tá tão complicada que, pra você ver, o River não irá participar do estadual assim como o Piauí EC. A inclusão dos clubes dos dois Estados pode ser é um recomeço na história dos mesmos.
O que eles não precisam de maneira alguma é de opniões recheadas de preconceitos.

Anônimo disse...

Excelente Fernando Amaral!!! Pedro Neto realmente pisou na bola, feio...

Ainda vou mais além no seu raciocínio: por que não incluir na Copa do Nordeste o estado do Pará?

Por que não?

Sds Alvinegras.

Abecedista.

Mário Figueirôa disse...

Porque os clubes do RN jogam a Série C e Série D e viajam até esses estados tão longínquos?