terça-feira, setembro 21, 2010

Quase um sopro - Arbitragem...

Por Carminha Soares


Quase um sopro...

Todas as vezes que assisto a uma partida de futebol, as discussões sobre a atuação dos árbitros é uma constante polêmica.

Por que os árbitros erram tanto?

A copa do mundo de 2010 na África do Sul é a prova viva desses erros, constatados pelo pedido de desculpa feito por Joseph Blater, presidente da FIFA, à Inglaterra em relação ao gol anulado contra a Alemanha pelo árbitro Jorge Larrionda e ao México pelo gol irregular validado pelo árbitro italiano Roberto Rosetti a favor da Argentina.

E a mão de Deus de Maradona na Copa do Mundo de 1978! “Andar com fé eu vou que a fé não costuma falhar...”

Sobre essa polêmica que permeia o mundo da arbitragem, vale ressaltar dois aspectos que considero importantes: um que caracteriza, fundamentalmente, a atuação dos árbitros e o outro sobre o comportamento e atitudes dos jogadores, técnicos e dirigentes.

Com relação aos árbitros, a performance física que proporcione um posicionamento sempre estrategicamente correto no acompanhamento das jogadas, conhecimento técnico/teórico das regras que embasam o futebol e o equilíbrio emocional são requisitos essenciais para uma boa arbitragem.

Nesse processo, a atuação dos árbitros assistentes - os bandeirinhas - pode auxiliar o árbitro a decidir corretamente a atitude a ser tomada.

Nesse aspecto, representam um forte aliado sobre lances dúbios, principalmente em relação à linha de impedimento.

O outro aspecto, que influencia esse complexo mundo da arbitragem, é o comportamento de alguns atletas, de alguns técnicos e de alguns dirigentes.

Quem não se recorda das desagradáveis garras “... o Leão está solto na rua...”, recentemente, que acabou “arranhando” um repórter.

Nesse contexto, ao longo de todos esses anos que acompanho futebol, observo que os árbitros, de um modo geral, são desacatados, hostilizados, o que banaliza a sua autoridade dentro de uma partida de futebol.

O atleta profissional deve ter a consciência de que o seu comportamento pode ser o fio condutor para agressões, ou não, no decorrer de uma partida de futebol.

O respeito e a lealdade diante do companheiro adversário, que, igualmente a ele, depende do futebol, profissionalmente, para sobreviver.

O futebol é um esporte de garra, entretanto, pode ser jogado de forma limpa e elegante.

Nesse contexto, sabe-se que o capitão de uma equipe, em tese, exerce uma liderança sobre o grupo, é sensato e o responsável para conversar com árbitro e com os seus companheiros de equipe, diante de comportamentos indesejáveis que surgem no calor da emoção de uma partida de futebol, envolvendo, muitas vezes, árbitros, atletas, técnicos e dirigentes.

Todos “alvo” de uma elevada exposição pública, com consequências para a sua imagem enquanto pessoas públicas.

É bem verdade, que alguns árbitros se perdem na condução do espetáculo do futebol.

O agarra, agarra na área, por exemplo, é, ainda, desafio de “coragem” para alguns árbitros.

Essa prática é rotineira dentro da pequena área, mas, mudar isso, não significa dizer que os zagueiros e volantes, que, naturalmente, protegem essa área do campo, fiquem de braços cruzados.

No entanto, no momento em que os árbitros interpretarem a regra do jogo corretamente e marcar o pênalti, esse tipo de comportamento diminuirá.

Diante do exposto, é pertinente observar o tempo mínimo que os árbitros têm para decidir sobre um lance, uma jogada, quase um sopro!

De alívio ou de angústia, movido pela alta visibilidade proporcionada pela mídia televisiva que avalia e julga em tempo real, a sua atuação, por todos os ângulos e com todos os detalhes a marcação atribuída, se incorreta, perde inteiramente o sentido.

Nas décadas de 60 e 70, os árbitros norte-rio-grandenses Luiz Meireles, Jader Correia, Afrânio Messias, César Virgílio, entre outros, não contavam com os avanços tecnológicos, deixando-os menos vulneráveis a implacável exposição proporcionada pela mídia de quase um sopro...


Carminha Soares

Autora de Livro “A inclusão social e a mídia”

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