A quarta divisão do futebol brasileiro, assim como as quartas divisões do mundo inteiro, é um campeonato onde apenas os interessados vibram ou choram, vitórias e derrotas.
O Brasil e uns poucos países ricos, mantém suas quartas divisões abrigando equipes profissionais: quase todos os outros e aí, inclua-se países de economia próxima ou equivalente a nossa, tem em suas quartas divisões, apenas equipes amadoras – isto é: estar na quarta na divisão é estar prestando uma espécie de “concurso de admissão” para o profissionalismo, ou preparando o retorno para o amadorismo...
Seja lá como for às quartas divisões, servem como uma antessala entre os holofotes da mídia e as sombras do esquecimento.
Hoje, a Série D avançou mais um pouco e alguns estão a comemorar mais uns dias de sobrevida, enquanto outros derramam lágrimas por verem a porta fechada diante de si...
Madureira do Rio de Janeiro, Araguaína do Tocantins, Brasília do Distrito Federal, Joinville de Santa Catarina, Uberaba de Minas Gerais, Guarany do Ceará, Operário do Paraná, Sampaio Correa do Maranhão, Vila Aurora do Mato Grosso e América do Amazonas, são os 10 “felizardos” que sobreviveram a duas fases da competição e que agora, vão continuar em sua luta para alcançar a glória de entrar na Série C.
Mas e os que ficaram?
Na primeira fase, clubes tradicionais em seus Estados e outros, conhecidos nacionalmente, ficaram pelo caminho e com eles, uma parte significativa da história do futebol brasileiro.
Pelotas do Rio Grande do Sul e Botafogo de São Paulo representam regiões ricas e importantes do país e, essas equipes, num passado não muito distante eram “pedras nas chuteiras” dos grandes gaúchos e paulistas.
O Flamengo do Piauí vem de um Estado pequeno e pobre – um filho pouco lembrado pela mãe pátria –, cujas possibilidades de enfrentar de igual para igual seus concorrentes é mínima, mas o Flamengo dentro de suas fronteiras é sim, um grande...
Por fim, o America do Rio de Janeiro, clube que deu origem a maioria dos Américas que desfilam por aí e que, na cidade do Rio de Janeiro, é uma espécie de xodó dos cariocas.
Poucas pessoas sabem, mas os rubros conquistaram 7 campeonatos cariocas, uma Taça Guanabara, uma Taça Rio e o Torneio dos Campeões de 1982 (Internacional, Grêmio, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Náutico, Santa Cruz, Bahia, Fortaleza, Corinthians, Guarani, Portuguesa, Santos, São Paulo, Palmeiras, Vasco da Gama, Botafogo e Fluminense foram os adversários) e 5 cinco torneios internacionais, entre eles, o Torneio Costa Dourada da Espanha.
Além dos títulos e do carinho das cariocas, o America teve em suas fileiras jogadores como Bráulio, Rosan, Alex, Ivo (perguntem aos gaúchos quem eram), Lusinho Lemos, Edu, Eduardo, Antunes, Leônidas, Danilo Alvim, Heleno de Freitas, Djalma Dias, Batatais, Jorginho, Orlando Lelé, Belfort Duarte e Marcos Carneiro de Mendonça...
Pois bem, o America ficou para trás, assim como sua rica história e seu passado que se confunde com os anos dourados da cidade do Rio de Janeiro (a falta de acento na palavra America é proposital, pois o America do Rio de Janeiro não usa acento).
Na segunda fase, terminada há poucas horas, o Remo do Pará, o Santa Cruz Pernambuco, o Treze de Campina Grande e o Mixto do Mato Grosso, deram adeus às chances de classificação e possível ascensão a Série C...
O que dizer?
Nada, faz parte do jogo...
Mas...
Treze e Mixto, são respeitados em seus territórios, são acompanhados por multidões em suas casas, mas assim como os anteriores, foram vitimas de sua própria inércia, diante de uma evolução inexorável por que passou o futebol...
Remo e Santa Cruz, gigantes em seus Estados, gigantes em suas regiões, respeitados no restante do país, também ficaram pelo caminho...
A queda de Remo e Santa Cruz, assim como dos acima citados, não é coisa de agora...
A queda é fruto de uma metódica e bem montada gestão voltada para o fracasso.
Emocionalismo, irresponsabilidade, compromissos não honrados, gastos excessivos e uma grande, ou melhor, enorme arrogância e pretensão, foram os ingredientes que misturados a conivência dos “amigos” membros das direções e conselhos deliberativos, aliados a alienação das torcidas, arrastaram para o fundo do poço, duas instituições que mereciam tratamento melhor.
Outros virão em breve, se juntar ao clube dos arrogantes fracassados.
2 comentários:
O Santa Cruz é um fato a ser estudado ! GRANDE TORCIDA, MAS NO QUESITO ADMINISTRAÇÃO...
Até a próxima
José Leonardo
Você esqueceu do CSA-AL, amigo. Que não é um gigante nacional, mas também seu nome na história do futebol brasileiro por ter sido 3 vezes vice campeão da Taça de Prata (hoje Série B) e ser o único time do NE a chegar a uma final de torneio internacional (Conmebol 2001). Além disso revelou ao mundo um dos grandes jogadores de nossa história: Dida (ex-Flamengo).
Olha que você sabe que quem está falando é um torcedor rival, mas que sabe reconhecer quando um clube tem méritos.
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