sexta-feira, outubro 29, 2010

A aparência é saudável, mas há uma ferida interna que ainda sangra...


O assunto de ontem em todos os blogs, resenhas e jornais, foi à carta enviada por Judas Tadeu, ex-presidente do ABC FC ao presidente do Conselho Deliberativo do Clube, Dr. Ives Bezerra, renunciando à sua condição de membro do conselho e solicitando a retirada do Estádio Maria Lamas Farache de uma placa lá colocada em sua homenagem.


Mesmo que esse seja um assunto de foro intimo do ex-presidente Judas Tadeu, não há como ficar em cima do muro.


Imagino que para chegar a essa decisão, Judas tenha refletido muito sobre ela – não acredito que a carta renúncia seja fruto de um impulso.


Porém, o que me espantou foi à solicitação da retirada da placa em sua homenagem; essa sim, uma posição que demonstra o total rompimento do ex-presidente com atual direção do clube.


Judas nunca foi um democrata no sentido lato da palavra – raros são os dirigentes de futebol que o são –, sua gestão sempre foi personalista e centralizadora e suas reações às criticas, fossem ao clube ou a sua gestão, causaram inúmeros embates com jornalistas e radialistas...


É evidente, que esses embates de Judas, não se resumiram a troca de farpas com jornalistas; ele e seu grupo abriram fogo contra os críticos internos e, a meu ver, essas feridas nunca cicatrizaram...


Hoje, os adversários de ontem, chegaram ao poder e, no poder, Judas passou de “pistola” a “alvo”...


Judas nunca foi um conciliador, Judas é e será sempre, um homem de confronto.


Certo ou errado é assim que ele é.


Mas Judas não é só isso e, qualquer um com o mínimo de bom senso, saberá que existe um ABC antes de Judas e um ABC, depois de Judas.


Tentar transformar os anos de Judas Tadeu à frente do ABC em algo corriqueiro é má fé, pura e simples.


Judas tem sim uma obra significativa no ABC, e, gostem ou não seus críticos, o Maria Lamas Farache e o complexo a sua volta, são a cara de Judas.


Sua carta renúncia e sua solicitação para a retirada da placa em sua homenagem, não são um gesto vazio, mesmo que possam ser considerados com um gesto radical.


A decisão tem sim uma força simbólica e mais que isso, mostra um ABC que mesmo vivendo um grande momento, precisa cuidar das feridas abertas e que insistem em não cicatrizar.


Hoje, essas feridas não são percebidas pelo grande público e, alguns até fazem questão de mantê-las abertas...


Seria bom que os muitos homens lúcidos que vivem o ABC, tratassem de suturar a carne cortada.


Não vou me alongar, mas faço questão de dizer que nunca privei da amizade pessoal de Judas e que, por várias vezes, fui por ele alfinetado, mas por sorte, a casa onde fui criado, não tinha entre as lições que me foram passadas, coisas como mágoas, rancores, amargura ou sentimento de revanche – tenho restrições a algumas posturas de Judas Tadeu, mas não vou deixar de admirá-lo pelas coisas que realizou.



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