Infelizmente, seu nome ainda é pouco conhecido...
Infelizmente, seus textos ainda são pouco consumidos...
Infelizmente, seu potencial é pouco explorado na emissora que trabalha...
Eu, o reconheço como um dos mais promissores jornalistas deste estado e confesso, sou fã das coisas que ele escreve, ou melhor, sou fã da forma como escreve.
Mas não pensem que o acho perfeito – não, não acho!
Aqui e ali, discordo de algumas opiniões e posições, mas sempre admiro seu estilo, sua clareza e sua postura independente.
Refiro-me a Gabriel Negreiros, repórter de campo da 98FM (sem querer me meter, mas ele tem muito mais a oferecer).
É dele, o texto que publico abaixo...
Gabriel faz uma analise lúcida do atual momento do América FC, sem radicalismo e sem sensacionalismo...
Vale apena ler até a última linha e depois, vale a pena uns minutos de reflexão.
Culpa Compartilhada
Por Gabriel Negreiros (http://www.fomedegol.com/)
O América caminha a passos largos para o rebaixamento.
Caso isso venha realmente ser confirmado nas próximas rodadas, torcida e imprensa começarão uma verdadeira caça em busca de “culpados”.
Os nomes mais citados serão o do presidente José Maria Figueiredo e do ex-técnico Lula Pereira.
Mas, será que a culpa está realmente ligada a somente dois personagens?
Quando foi “convidado” a assumir a presidência do América, José Maria Figueiredo recebeu promessas de apoio incondicional.
Respaldo financeiro e logístico como parte do pacote.
Um grupo cuidava do futebol o outro do administrativo.
Onde foi parar esse apoio?
O América apostou em um modelo de formação de equipe que privilegiava atletas que no ano anterior tinham jogado a série B e tirado o América do rebaixamento.
Atitude apoiada pela imprensa e torcida.
Mesmo com esse caminho traçado os primeiros erros não demoraram a acontecer.
O América vivia à sombra de “um novo gênio” do futebol, Francisco Diá, que fez um bom trabalho na série B em 2009 e gozava de franco privilégio.
Tanto que empurrou para o trabalho de comandar a equipe Paulo Moroni, seu amigo e ídolo.
Tudo isso alicerçado por João Maria Belmont e Paulinho Freire, que selecionavam os jogadores e comandavam o futebol do América.
A cadeira de José Maria Figueiredo não tinha peso de presidente para o grupo que geria o futebol. Nunca ficou muito bem definido o organograma administrativo do América.
Dirigente é o cargo de todos.
Ainda invicto, mas sem convencer, Paulo Moroni não suportou as desconfianças da torcida.
Muito pressionado, foi demitido.
Mas tudo dentro do normal, afinal, Moroni não passava de um engodo para finalizar o estadual.
Depois disso estaria tudo programado para a chegada triunfante de Diá.
Os planos não deram muito certo.
Diá foi demitido do Mogi Mirim e recebeu do América um presente de Natal antecipado.
Classificação na Copa do Brasil precisando apenas vencer um time sem nenhuma expressão e a final do primeiro turno do estadual contra o Corintians de Caicó.
Era pra consagrar. Coisa de “Salvador da Pátria” mesmo.
Diá afundou junto com o América nos dois desafios.
Um erro fatal que foi cimentado pelos seus parceiros de formação de elenco, João Belmont e Paulinho Freire.
O pior erro de José Maria Figueiredo foi por muitas vezes agir com a emoção.
Prometeu um título estadual que precisava ser disputado em campo.
Em algumas entrevistas atropelou a razão em nome do seu perfil de torcedor, e não de gestor.
Enquanto o América sucumbia no fraquíssimo campeonato estadual do Rio Grande do Norte, internamente, os problemas estavam apenas começando.
Diante dos maus resultados a pressão em cima do grupo do futebol era grande.
Começou então o “fator Ferdinando”. Para o presidente, essa seria a solução.
O que não foi digerido por vários diretores. Alex Pandag, desafeto declarado de Ferdinando, retirou o patrocínio da sua empresa do clube por não concordar com a gestão José Maria Figueiredo.
A destaque também encerrou o patrocínio após o campeonato estadual.
Fatores normais que não cabem julgamento.
Somente as empresas podem definir o que é prioridade em seus investimentos.
As receitas do América estiveram alicerçadas na TimeMania, Cavaleiros do Forró e Destaque Promoções por um bom tempo.
De repente, as fontes secaram.
Com fracassos seguidos e carradas e mais carradas de jogadores entrando e saindo, novas caras foram aparecendo no grupo do futebol.
Era hora de mudanças, afinal, o trabalho do primeiro semestre do primeiro grupo foi lastimável. Novos nomes como Clóvis Emídio e Souza começam a aparecer.
As trocas de treinadores e uma equipe sem planejamento dentro e fora do campo só ficaram ainda pior com a chegada de Lula Pereira.
Foram 17 novos contratados, que dentro de campo só representaram prejuízos.
Um contrato astronômico para a realidade do futebol do Rio Grande do Norte e que garantia benefícios e multas que tornaram Lula Pereira o grande gestor do futebol rubro.
Lula Pereira permaneceu no América mesmo depois de partidas desastrosas, um trabalho pífio e muita falação.
Lula deixou um legado inesquecível para o torcedor e para os dirigentes, um formato de trabalho que beneficia os seus preferidos e que não beneficia o clube.
Não é de estranhar a falta de mercado para o treinador.
Souza não demorou muito a perceber que o seu trabalho não iria render.
O América nunca acreditou de verdade em Souza fora do campo de jogo.
A falta de suporte fez o ídolo recolher sua estrutura e se dedicar aos seus negócios.
No América, só tem vez, quem aparece para pagar a conta.
Souza não quer assinar cheques, quer trabalhar.
Essa é a diferença.
Quem assina cheque, quer mandar mais do que quem trabalha.
Mesmo não estando apto ou com cargo para fazer isso.
O dirigente, antes de tudo, é um torcedor.
A palavra “abnegado” é insuportável.
Qualquer pessoa que esteja diretamente ligada à gestão de um clube não faz somente por amor.
E ninguém deveria cobrar isso.
Não é função do dirigente trabalhar por amor, mas é função sim desempenhar as funções em benefício do clube.
Ninguém dirige um clube por pressão.
O faz por outras razões.
É uma questão de escolha.
Qualquer um que conviva com as notícias do futebol sabe o custo de manter um time.
Os problemas que surgem no meio do caminho.
Talvez o principal problema do América esteja relacionado aos dirigentes pensarem que tudo pode ser resolvido apenas com a força da camisa.
Não resolve.
Quem procurar caçar os culpados que o faça.
Mas a lista é muito grande.
Maior que qualquer torcedor possa imaginar.
Conselheiros, dirigentes, jogadores, treinadores, funcionários.
Cada um tem sua parcela nessa conta.
O América viverá momentos de conflito interno.
Briga de poderes.
Principalmente envolvendo o futuro do clube em relação ao seu patrimônio.
Para um time que sempre se mostrou unido nos momentos difíceis é até estranho perceber que essa estrutura está rachada.
Bem mais rachada que a sede social.
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