Imagem: Kicker
A pirâmide montada nos principais campeonatos do mundo e principalmente na Europa é a responsável pela democratização do futebol. É claro que as maiores equipes (nesse caso o conceito de maior é estabelecido pelo tripé: títulos, torcida e tradição) são normalmente as donas dos espetáculos e costumam ter lugar nas primeiras divisões de cada país, porém nem o tamanho da torcida, nem o número de títulos ou sua tradição, lhes garantem permanência ou impedem a queda até o fundo do poço. Permanecer no topo hoje requer competência gerencial, agilidade, organização, infra-estrutura, planejamento macro e capacidade de arrebanhar investidores. Aqueles que relutam em aceitar essa receita ou falham em sua execução, acabam despencando mesmo sendo centenários, donos de títulos e/ou tendo uma imensa legião de fãs. Os campeonatos regidos pelo mérito não perdoam erros administrativos, não tem nenhuma compaixão pelos que montam equipes medíocres, nem se apiedam dos erros de técnicos despreparados. Agora mesmo a temporada européia está chegando ao fim e o sobe e desce premia e pune sem nenhuma condescendência. Na Alemanha o último colocado na primeira divisão (Bundesliga I) é o VfL Borrusia Möenchengladbach (fundado em 1 de Agosto de 1900) com míseros 26 pontos. Faltando apenas três rodadas para o final do campeonato nada pode salvar essa tradicional equipe alemã. Vai passar uma temporada na segunda divisão (Bundesliga II). Com cinco títulos de Campeão Alemão (quem mais conquistou títulos na Alemanha foi o Bayern München com 20, seguido pelo 1FC Nürnberg com nove e BV Borussia Dortmund e Hamburger SV com seis), três títulos de campeão da Copa da Alemanha, dois títulos de Campeão da Copa da UEFA, o Borussia que já teve jogadores do quilate de Günther Netzer, Allan Simonsen, Berti Vogts, Uli Stielike, Steffan Effenberg, Oliver Bierhoff, Rainer Bonhoff e Lothar Matthäus, errou demais e esses erros acabaram por levá-lo ao rebaixamento da forma mais melancólica e patética. Na França o FC Nantes Atlantique dono de oito títulos de Campeão Nacional e três títulos da Copa da França, é outro que termina a temporada em último lugar com 34 pontos. Para a sua torcida fica a tristeza e a lembrança dos tempos em que jogadores como Marcel Desailly, Didier Deschamps, Jorge Burruchaga, Nestor Fabbri, Julio Olarticoechea, Enzo Trossero e Mo Johnston entre outros arrasavam adversários. Porém é na Inglaterra que se desenrola o caso mais dramático. O Leeds United FC fundado em 1919 agoniza lentamente e após cair da primeira (Premier League) para a segunda divisão (Division One) na temporada 2004/2005, é novamente rebaixado e vai disputar na temporada 2007/2008 a terceira divisão (Division Two). A equipe que um dia teve em seu elenco, Jack Charlton, Billy Bremner, Ian Rush e Éric Cantona, conquistou apenas 36 pontos em 46 jogos e ainda tentou burlar as leis que regem as finanças da Liga Inglesa de Futebol, foi severamente punida e seus gestores além de serem obrigados a vender suas ações do clube, foram afastados de qualquer atividade esportiva e vão responder criminalmente por seus atos. Nem os três títulos da primeira divisão, nem os títulos de Campeão da Copa da Inglaterra, da Copa da Liga e as duas taças da Football Association Charity Shield, impediram que seus fanáticos torcedores vissem a derrocada de um dos mais tradicionais clubes do futebol britânicos.
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