O América foi às compras e aos poucos começa a encher o “carrinho”, mas os que passam e olham para as mercadorias torcem o nariz e comentam sua decepção e insatisfação diante das produtos adquiridos. Entretanto a que se buscar argumentos menos apaixonados, menos irracionais, é preciso baixar a cortina das ilusões e escancarar o palco da realidade. Sem isso ficaremos discutindo eternamente o insosso sexo dos anjos. É hábito entre os analistas de futebol cobrar dos dirigentes o que chamam pomposamente de planejamento, mas nenhum explicita que tipo de planejamento ou para que setor deva ser dirigido. Fala-se também em alocação de recursos para a formação de uma grande comissão técnica e de um grande elenco, assim como também cobram ações de marketing sem que em muitos casos, sequer saibam o que isso significa, o quanto custa e como deva ser feito. Faço esse pequeno preâmbulo não como um libelo acusatório a meus pares, afinal já me apoiei várias vezes nesses argumentos que em ouvidos menos refinados soam como critica inteligente, mas que no fundo é apenas palavrório vazio incapaz de resistir a uma simples pergunta tipo: “Onde uma equipe sem expressão nacional, sem prestigio na grande mídia, representando um estado pequeno e pobre e sem uma massa torcedora que seduza, vai encontrar patrocinadores de grande porte”? Pois é... Esse é o primeiro entrave que o marketing vai encontrar. A Sony, a Samsung, a Philips e o Banco Itaú, não estão nem um pouco interessados em nossas belas praias, nem em nossa reconhecida hospitalidade, o que desejam saber é se o América pode alavancar suas vendas em percentuais condizentes com o investimento necessário para a formação de um grande elenco. Montar lojinhas com produtos do clube só trazem resultado se esse clube tiver tentáculos além fronteiras, se adquirir tal produto trouxer algum status ao comprador. Caso contrário as tais lojas irão ser um ponto de encontro de torcedores locais e seu fluxo de vendas seguirá ao sabor da satisfação ou insatisfação desse torcedor... Ações de marketing custam dinheiro, é investimento em longo prazo e precisa de continuidade. Onde arranjar recursos para tal? O Real Madrid e o Manchester United passaram 15 anos viajando para a Ásia fazendo pré-temporada, visitas a hospitais, montando escolinhas, trazendo meninos de lá para treinarem na Europa até se firmarem. Aqui nossos clubes são incapazes de montar times mistos para jogar no interior e arrebanhar a simpatia dessas populações. Nunca vimos nenhum clube organizar uma visita a um hospital pediátrico ou mesmo ceder ingressos a alunos de escolas públicas como forma de aproximação. A televisão é o sonho de consumo de todo clube, mas poucos conhecem os meandros e bastidores desses veículos. Transmitem aquilo que gera audiência, que atrai patrocinadores e malandros criaram uma forma de medir a força dos clubes... Os pacotes da televisão por assinatura! São eles que determinam a força de um clube, são eles que dizem ao departamento comercial de uma TV se vale à pena mostrar em canal aberto esse ou aquele jogo, dessa ou daquela equipe. Quantos pacotes são comprados não só no RN, mas no Brasil dos jogos do América? Marketing meus amigos não é só carreata de amigos, não é foguetório em estádio, nem bandinhas tocando antes ou depois de uma partida. Marketing é pesquisa profunda. É saber onde estão quantos são o que consomem e que hábitos têm torcedores a aficionados. Marketing é o olho que perscruta os mais íntimos desejos do consumidor... Portanto, temos que agradecer as empresas locais que por menores que tenham sido seus investimentos, o fizeram. Temos que agradecer a Mash por acreditar que suas cuecas serão mais vendidas e entender que o “carrinho das compras” trará aquilo que o orçamento permitir e não o que os olhos desejarem. Assim com São Paulo, Vasco da Gama, Corinthians, Flamengo, Fluminense, Cruzeiro e Internacional, não podem concorrer com Barcelona, Bayern, Real Madrid, Juventus, Milan e até clubes da Ucrânia, Bélgica e etc. O América não tem como concorrer com os bem nascidos participantes da Série A. Não traremos o que gostaríamos de trazer, mas sim o que sobrar depois que “eles” terminarem de preencher seus cheques. Quanto a planejamento, faça o melhor que sua mente criativa puder conceber, deixe tudo bem amarradinho, não esqueça nenhum detalhe, mas lembre-se... Você só irá executá-lo se tiver dinheiro para tal. Caso tenha alguma dúvida sobre isso, leiam sobre o planejamento japonês na segunda grande guerra... Funcionou enquanto a economia suportou!
Nenhum comentário:
Postar um comentário