Ontem vivi mais um duro momento em minha vida...
Por volta das 16 horas recebi uma ligação de Brasília, e, novamente o chão pareceu não existir.
Meu tio, irmão de meu pai, acabara de falecer.
Helano Maia de Souza era seu nome.
Cearense como meu pai e que por força das circunstancias (meu avô, militar, transferido os levou pelas mãos) deixou sua terra natal e seguiu ainda muito jovem para o Rio de Janeiro.
Em 1977 quando meu pai morreu, eu tinha 22 anos e ainda relutava em deixar partir a adolescia e resistia em aceitar a maturidade que chegava.
Helano, pai de três filhos, “adotou” mais um e me acolheu.
Mas não imaginem que essa adoção se deu por não ter eu onde me abrigar, o que vestir ou o que comer...
Não, essas coisas meu pai havia deixado e minha mãe as administrou muito bem.
O que meu tio fez foi me mostrar que havia um clã e que eu, não estava sozinho.
Nossa relação antes frouxa tornou-se sólida como rocha...
Nunca soube ao certo o que ele viu em mim, mas sei exatamente o eu vi nele...
Helano era extensão de meu pai...
Culto, inteligente, racional, pragmático e lúcido: ele se tornou minha referencia.
Ouvi-lo era um prazer!
Ontem, quando soube de sua morte, estava na TV U e me preparava para seguir para os estúdios da 95FM e depois, para o estádio Maria Lamas Farache...
Pensei em seguir o conselho de alguém que me disse: “vá para casa”!
Mas, lembrei então de uma frase de meu pai: “um soldado quando avança, não pode parar para prantear os camaradas que ficam pelo caminho”.
Então, avancei e fui fazer o que tinha que ser feito, pois a minha dor era só minha e, mesmo que muitos a compartilhassem comigo, jamais saberiam sua intensidade – o mundo não para de girar só por que sangrava meu coração.
Entretanto, quero agradecer a Pedro Neto que ao ver-me num canto sozinho, se aproximou e ao perceber que havia lágrimas em meu rosto, pergunto o que se passava: ouviu-me e depois do abraço amigo e acolhedor, saiu com seus olhos marejados...
A Domingos Sávio, por seu olhar emocionado, por seu silencio cheio de pesar e pelo afeto com que me agasalhou...
Aos companheiros, Ítalo Anderson, Jackson Capixaba, Toni de Lima e Lourimar Neto, peço desculpas pelo susto que lhes dei ao encerrar a transmissão falando sobre o acontecido: nenhum deles sabia de nada...
Por fim, peço a aqueles que agora leem essas linhas, que me perdoem por usar esse espaço para escrever sobre algo tão pessoal.
“Um dia hei de pertencer à eternidade e lá, serei livre”!
8 comentários:
Fiquei relutante em comentar, pois quem me conhence sabe disso. Mas no caso vou fazer uma concessão especial.
Todos temos referências e o Tio Helano sempre é uma delas.
Nunca disse isto a ele, mas sabe, como pessoa inteligente e sensível que é.
Pode parecer estranho usar o verbo neste tempo, mas como escrevi, SEMPRE, enquanto eu viver estará sempre no meu coração.
Um beijo grande a todos que comungam esta ......, mas em especial a duas mulheres Tia Ecilda (com saudades) e a Zé que, compartilharam suas vidas.
Vai em paz, mas por favor ao encontrar com seus dois irmãos, Gilmar e Pedro, comportem-se.
Pedro Ismar Júnior
Lamento!
Força!
Um forte abraço!
Nesses momentos que a vida nos impõe é que temos que mostrar força e fé em Deus. Abração velho amigo.
FERNANDO, você faz deste blog uma extensão de você. Todos os seus momentos, de alegria ou de dor, são postados para todo o mundo, o que demonstra o quanto transparente e verdadeiro você é. Venho me solidarizar a sua enorme dor!!! E ao mesmo tempo lhe parabenizar pela homenagem prestada ao seu tio que se foi.
Feliz do homem que parte deixando como legado a os seus sucessores os valores da verdade, moral, ética e coragem. E isso com certeza o seu Pai como o seu Tio deixaram para eternidade. Você é a prova viva do que falo.
É com emocao e carinho que recebemos essas mensagens destes primos tao proximos apesar da distancia.
"Nosso" pai tinha 83 e muitos planos. Gestando livros. Creio que foi pego de surpresa. Por sorte dormindo. Dizem que nem gemido deu.
Quanto a Ela, a morte, estava acordada e, como de habito, " é sempre pontual nas horas incertas".
Teve uma existencia plena, dezenas de descendentes, centenas de amigos, publicou livros, plantou árvores e ideias e teve o privilegio de partir em serenidade como um sábio.
Joao Gilberto, Elana e Nehyta
Fernando, agradecemos de coração as palavras. Nos emocionou a todos. Reproduzo aqui as palavras do meu pai: "O cabeção se foi! Perda irreparável na família. Fica o exemplo de um pensador e inovador. Uma pessoa que durante toda sua vida pensou em como tornar o mundo um lugar melhor para todos."
Um forte abraço,
Leonardo.
Acrescento aos comentários anteriores minha percepçao do meu Tio Helano: Foi a unica pessoa que me abriu fronteiras depois de adulto.
Antonio Carlos
Prezado Fernando Amaral
1)Fiquei um pouco fora do ar por estes dias, mas cá estou outra vez.
2)Faço saber que escutei os elogios do amigo Breno Tavares ( acadêmico de jornalismo da UFRN ) ao incansável Fernando Amaral, palavras que só corroboram com as páginas escritas no seu blog.
3) As palavras foram ditas nesta sexta-feira, oportunidade em que - mais uma vez - falamos sobre o esporte bretão.
4) Por fim, faço somar aos escritos desta noite - em que coloco a minha leitura em dia - a minha solidariedade a este notável blogueiro que aprendi a respeitar.
Até a próxima
José Leonardo
DO BLOG
www.musicadogol.blogspot.com
Postar um comentário