sábado, novembro 27, 2010

Vivo em meio ao bizarro!


Vivo em meio ao bizarro e aos 54 anos (quase 55, faltam poucos dias), não vejo nenhuma chance de viver o bastante para ver qualquer mudança significativa, que me faça partir dessas paragens com um mínimo de esperança que estaremos prontos, seja lá para o que for...


Aqui, cafetões sentem ciúme...


Prostitutas se apaixonam...


Católicos fazem despachos em encruzilhadas e passivos assistem, a padroeira da nação ser chutada em rede nacional de televisão, por um pastor porra louca...


Um palhaço desempregado e semialfabetizado é eleito deputado mais votado...


Temos um Haiti em cada esquina, mas em busca de um assento no Conselho de Segurança da ONU, enviamos para o Haiti de verdade, nossos soldados...


Jornalista chama de tanque de guerra, transporte de tropas blindado...


Favelas e guetos são chamados pomposamente de comunidade...


A União Nacional dos Estudantes é financiada pelo governo...


A arte que deveria ser vanguarda combativa, também vive dos subsídios do Estado...


A ditadura tinha situação e oposição...


A democracia foi considerada relativa por um general de plantão...


Carlos Prestes, o comunista ídolo, subiu no palanque para apoiar, Getúlio Vargas, o homem que entregou sua mulher grávida, comunista e judia, para a Gestapo...


Carmem Miranda, a nossa maior cantora nos anos 50 e símbolo do nosso samba nos Estados Unidos e na Europa, era portuguesa...


Roberta Close, um transexual, se transformou em "objeto do desejo"...


O minuto de silêncio acabou por se transformar em minuto de vergonha, diante da constrangedora falta de educação das pessoas nos estádios...


Por que então, eu ainda me aborreço quando ouço criticas ao campeonato de pontos corridos?


Por que me assusta ver gente tida e havida como inteligente, apregoar a volta aos campeonatos decididos nos mata-mata, alegando que a formula de pontos corridos, deu margem para que clubes “entreguem” jogos para prejudicar rivais e que malas brancas, voem pelos céus do país repletas de dinheiro, para servir de incentivo à vitória, a quem foi contratado para vencer?


Sei lá...


Talvez, a “República de Pindorama” e seus habitantes acostumados a opinar com base no senso comum, nas lições tão bem aprendidas na “Universidade Nacional Bezerra da Silva”, esteja sempre propensa a aceitar a tese que um revolver, objeto inanimado, seja o responsável por tantos crimes e não, o homem doente e antissocial que o empunha e aperta o gatilho...


Os “doutores” da “Universidade Bezerra da Silva”, orgulho da “República de Pindorama”, acusam os pontos corridos de responsáveis pela indecência e cinicamente, poupam dirigentes incompetentes e bandidos que carregam malas por todo o país e, torcedores mau-caráter que pedem que seu clube perca, alegando que a rivalidade não permite isenção...


O Rio de Janeiro é a “República de Pindorama” explicita e o Congresso Nacional, é a “Republica de Pindorama”, implícita.



2 comentários:

Kleber disse...

FERNANDO,
Parabéns por mais um texto lúcido, objetivo e verdadeiro. Vivemos em um meio socioinstitucional vergonhoso. O Brasil atual desconhece o que seja as mais elementares regras de Moral, Ética, Retidão de Caráter, Honra e tantas outras coisas que deveriam ser inerentes a convivência dos homens em sociedade. A hipocrisia reina e paira sobre as mais altas instituições do país, onde os homens que as representam, vestem os seus trajes e sobem ao palco, travestidos de probos até que se encerre mais um espetáculo. Estamos vivendo a exaltação aos Macunaimas e jecas Tatus como os mais nobres representantes do verdadeiro homem brasileiro. Será que o melhor do Brasil é o seu povo?????

Anônimo disse...

Verdade Fernando...Supomos que o campeonato brasileiro volte a ser disputado no formato anterior aos pontos corridos.
O que nos garante que, nas últimas rodadas de um turno único, que rebaixará quatro equipes para a 2ª divisão e classificará outras oito para o mata-mata, não haverá as malas carregadas pelos malas?
Equipes do 6º ao 10º lugar, por exemplo, disputando as duas últimas vagas restantes para a fase seguinte farão uso deste mesmo artifício antidesportivo, da mesma forma que se supõe que os que brigam pelo título ou vaga na Libertadores o fazem hoje...Balela!!!
Você está corretíssimo!!!
Abraços,
Rodrigo