terça-feira, outubro 24, 2006

Nos tempos do Clube Atlético Potiguar...


Imagem: Carlos Lyra


Obrigado Lupercio, obrigado de coração, obrigado por findar ontem (23) o programa TVU Esporte com as palavras generosas ditas em favor de meu filho Alexandre. Alexandre, é exatamente o que você disse e passou exatamente tudo o que você falou. Ele cometeu erros, claro que os cometeu, mas nunca me envergonhou... Enveredou pelo caminhos da bola cheio de sonhos, achava que iria lidar com o bem e tão somente com o bem. Não ouviu meus conselhos e seguiu seus sonhos. Aqui na terra que escolheu como sua, portas foram fechadas, algumas por burrice mesmo, outras para me atingir. Mas o que me faz olhar meu menino com uma imensa alegria, é que ele nunca guardou mágoa e onde quer que vá, diz em alto e bom som: “Sou do Rio Grande do Norte, não por nascimento, mas por escolha... Comecei minha jornada lá e lá aprendi a amar o futebol”.
Ontem quando você me ligou caro amigo, meu coração saltou de felicidade, eu sabia que a ESPN Brasil iria passar o documentário sobre a Tuna Luso, mas não quis ver, achei que acabaria pagando um mico... Mas vou lhe contar uma coisa que ele me disse ao saber que a ESPN iria acompanhar o time. “Pai, desculpe por não aparecer na TV, em um grande clássico em algum Morumbi da vida, mas saiba que estou muito orgulhoso, pois faço parte de um grupo composto por homens humildes e simples, mas homens. Nossos salários estão atrasados, nossa estrutura é ínfima e viajamos em péssimas condições, porém ninguém reclama ou faz corpo mole, ninguém é capaz de uma falsidade ou traição... Jogamos por amor, jogamos por nos respeitar e vamos lutar até o fim”. Antes de desligar o telefone, ele disse: “Não sei se um dia vou alcançar o que planejei, mas estou feliz, pois já pisei onde muita gente boa, nunca pisou, nem pisará... Já joguei no Serra Dourada e no acanhado Francisco Vasques e posso lhe garantir meu pai. Sou tão goleiro como qualquer um... Só que com uma diferença, não amo torcidas, nem clubes, os respeito. Amo sim, o futebol e sei que o que faço, faço com honradez como o aprendi em casa”. E desligou. Obrigado Lupercio, mas não faça mais isso com o meu velho coração.




2 comentários:

Anônimo disse...

Lembro-me bem desta época (foto) em que não tínhamos material para treinar, tudo o que tínhamos era o que nossos pais podiam comprar, ou quando não tinham emprestávamos um pro outro. Mas eram bons tempos. Lupercio acertou em toda sua oratória, pois convivi alguns anos com Alexandre sendo seu reserva, com muito orgulho, pois ele que me ensinou no campo esburacado da então ETFRN, como se caía para fazer uma defesa, como se encaixava uma bola com precisão. Enfim aprendi muito com ele e fomos grandes amigos e companheiros nos duros obstáculos que as categorias de base impõem aos futuros boleiros. Alexandre sempre foi um garoto honrado e nunca vi ele pisar em ninguém para conseguir algo, vi sim, ele treinar das 14h as 20h, sempre comigo, sempre me ajudando, me aprimorando, mesmo sendo a sua sombra na equipe. Ficávamos até tarde treinando, pois tínhamos um sonho como foi dito, mas quando eu o vi levando muitas portas na cara aprendi também que a vida não era só flores, também fui sacaneado quando falhei em um jogo, mesmo sendo eleito, até o momento da falha, sucessivamente, o melhor goleiro do campeonato, rodada após rodada. Fábio Costa, então no Vitória e na seleção pré-olímpica, me elogiara duas semanas antes. Mas fui jogado no banco e não tive mais oportunidades. Foi ali, que decidi parar. Preferi não ficar apostando na sorte ou esperando que alguém de fora me visse e me abrisse as portas que aqui sempre foram fechadas.
Segui o caminho da mineração...
Alexandre seguiu seu sonho com determinação, e com certeza irá chegar mais longe...
Mesmo novo, aprendi muito com ele, que se tivesse tido maiores oportunidades nos pretensiosos América e ABC, certamente, estaria dando muitas alegrias as torcidas dos referidos clubes. Se Alexandre ainda não vestiu a camisa de um grande, não desonrou as camisas que vestiu, pois conhecendo ele como conheço, sei que as vestiu com garra, determinação e respeito pelo clube, por seus torcedores e por ele mesmo.

Anônimo disse...

O que Fernando Dias relatou sobre as dificuldades enfrentadas por ele e seu companheiro de posição Alexandre, são totalmente verídicas. Esses caras ralavam muito, presenciei diversas vezes aqueles jovens e obistinados goleiros da categoria juvenil, treinando como uns loucos, no campo de futebol do CEFET (antigo ETFRN). Eu e Luis Fernando, estudavamos o mesmo curso técnico da ETFRN e eramos vizinhos de residência. Joguei diversas vezes naquele campo, e presenciei fora os buracos que Luis Fernando relatou as diversas VALAS também presentes, ,em especial de baixo das duas traves. Foi um período acima de tudo de muito aprendizado e lições tiradas por eles, um segue até hoje o seu sonho e obstinação na profissão de goleiro (Alexandre), o outro mudou de profissão (Luis Fernando) e torce para o seu amigo. Por fim, concluo desejando uma boa sorte a esses dois amigos que se conhecem, se respeitam e acima de tudo sabem como ninguém como foi o período duro, quando treinavam juntos na categoria juvenil.