quarta-feira, outubro 18, 2006

Seria tão bom se sério fosse...


Sempre fui e sempre serei um defensor ferrenho das categorias de base, seja no futebol, seja em qualquer outro esporte. Sempre defenderei competições que sirvam para abrir espaços a jovens atletas, afinal à renovação faz parte da vida e no esporte fundamentalmente, é o caminho mais barato e talvez o mais eficiente, se estiver alicerçada por uma boa estrutura e conduzida por profissionais aptos.
Porém, tenho dúvidas se os campeonatos hora patrocinados pela Federação Norte-rio-grandense de futebol, cumprem seu papel, se as competições servem mesmo ao propósito de descobrir futuros jogadores de futebol. Pelo que tenho acompanhado ao longo dos anos, poderia afirmar que os resultados são medíocres, seja pelo número ínfimo de talentos descobertos, seja pela qualidade da estrutura oferecida pelos clubes aos que buscam o futebol como profissão. Pelo que me recordo o último goleiro, saído das categorias de base no estado e que chegou a titular absoluto de sua equipe, foi Eugênio, nascido nas bases do América e hoje treinador de goleiros do ABC. Isso há mais de 10 anos, o com que convenhamos é muito pouco. Por outro lado, não posso negar que vi alguns jovens promissores correndo atrás da bola, tanto nos infanto-juvenis, quanto nos juvenis e juniores, mas raros foram aqueles que tiveram a oportunidade de atuar com freqüência como titulares em equipes como América e ABC, mesmo Potiguar e Baraúnas de Mossoró dão poucas chances a atletas da base. Para confirmar o que digo o último jogador da base a sair para um grande centro e que deu algum retorno ao clube, foi o meio-campista Sandro do ABC. É claro que, outros nomes surgiram nesse meio tempo, mas nenhum chegou a ser negociado, por um motivo muito simples; faltou paciência aos dirigentes, que se deixaram levar por cobranças descabidas de seus torcedores e pelo vício da imprensa local por nomes conhecidos, mesmo que em fim de carreira ou de qualidade duvidosa. Mas retornemos aos campeonatos de base. É absolutamente desproposital, a quantidade de times que participam dessas competições, além de serem em sua quase totalidade, clubes de fundo de quintal, sua presença é nociva, por serem desprovidos de estrutura física e não disporem de pessoal qualificado para cuidar do desenvolvimento atlético e pessoal de seus jogadores. É inconcebível, que a federação, aceite como participantes desses campeonatos, clubes, sem médicos, preparadores físicos, massagistas e uma administração razoavelmente montada. É absurdo, que um atleta seja inscrito por uma entidade, incapaz de lhe dar qualquer garantia em caso de uma contusão mais séria. Como processar um clube, que só existe no papel e cujo dirigente, é um senhor faz tudo? Não seria mais razoável, que os campeonatos de juniores, só fossem disputados por clubes que disputassem campeonatos profissionais? Não seria mais razoável que nas categorias inferiores, a federação, até permitisse um número maior de disputantes, mas que buscasse atrair instituições capazes de fazer frente às necessidades dos seus atletas? Já que essas categorias, não têm compromisso com os resultados, mas com a formação e garimpo de futuros jogadores, o melhor seria que além dos clubes profissionais, fossem as escolas, as universidades, as empresas e até alguns órgãos governamentais os participantes de tais eventos. Que mal teria o Nordestão, o CEFET, o Marista, a UNP, o SESI ou até mesmo a CAERN, ter uma equipe nas categorias infanto-juvenil e juvenil? Creio que nenhum, pois estariam as empresas ou órgão de governo, contribuindo com um forte trabalho social e atrelando seu nome a uma causa simpática aos olhos de todos. Por outro lado, as escolas, divulgariam seus nomes e criariam um vínculo maior, entre a nossa juventude e o futebol local. Quanto às universidades, eu diria que dariam oportunidade aos alunos dos cursos correlatos ao esporte, de uma vivência prática, além de colocar no mercado, gente capacitada a preencher o enorme vácuo existente.
Nada do que foi proposto acima é impossível ou acarreta gastos estratosféricos, pois o próprio governo seria um parceiro, não colocando dinheiro público, mas com incentivos a quem, colaborasse na tarefa de atrair jovens para uma vida saudável.
Infelizmente, para isso, seria necessária uma federação arejada, comprometida com o esporte e com a juventude, sem homenzinhos torpes e medíocres, que fazem do futebol escada para seus sonhos de reconhecimento social, ou porta para câmaras e assembléias legislativas, onde ocuparão cadeiras, apenas para representarem a si mesmos, suas famílias e se colocarem a disposição de quem fizer a melhor oferta.

Fernando Amaral.

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