Por Horacio Accioly Junior
Durante toda a década de setenta o tão criticado regime militar, mandatário do país durante vinte anos, em suas políticas educacionais dedicou atenção especial à saúde do povo brasileiro. Digo saúde, e não doença, pois vou tratar das atividades físico-desportivas que sempre foram o único instrumento de promoção da saúde em qualquer lugar desse planeta. Como dizíamos, os governantes militares, a exemplo do que fazem nos quartéis, estabeleceram por duas vezes – 74 e 78 – os PNEDs – Plano Nacional de Educação Física e Desportos. Em seu bojo essas políticas, com base na Carta Internacional de Educação Física e Desportos, propunham uma doutrina constituída por duas correntes filosóficas: dogmática e pragmática.
Trocando em miúdos, isto quer dizer que o cidadão durante toda sua vida deve estar consciente dos benefícios que as atividades físico-desportivas lhes proporcionam. Isto representa educação permanente para um estilo de vida saudável. Já o pragmatismo, deve levá-lo a competir, para melhorar sua performance biológica, psicológica e social, preparando-o para uma vida cada vez mais disputada. Através desse pragmatismo poderão surgir, natural e consequentemente, resultados que possibilitarão ao País subir aos podiuns internacionais. Foi assim que o Brasil melhorou significativamente, em 10 anos, seus resultados olímpicos.
Na década seguinte, veio à abertura e com ela a liberdade de pensar e agir capitaneada pelos pseudos intelectuais de plantão que nunca vestiram um calção na vida. Sob a égide de uma educação e cultura eminentemente cognitiva (esporte também é cultura), desobrigaram as universidades da prática da Educação Física com caráter desportivo, estabelecida pelo Decreto 69.450 de novembro de 1971. Extinguiram o DED – Departamento de Educação Física e Desporto, do então Ministério da Educação e Cultura. Criaram e fecharam secretarias e ministérios; aprovaram a lei fulano e lei beltrano; misturaram esporte amador com profissional. Como resultado, os clubes esportivos foram fechando suas portas e com eles as federações amadoras.
Deu-se então, início à fase da privatização do esporte. Fundamentada no neoliberalismo emergente, banco esse e aquele, empresa essa e aquela, visando tão somente os benefícios fiscais, criaram clubes e com eles o amadorismo marrom.
O sistema educacional como um todo, também privatizado, engole cada vez mais o sistema público. Considerando ser o esporte o maior atrativo para os jovens, as universidades particulares, após uma espetacular expansão no mercado recém criado, se aproveitam desse fenômeno social para fazer publicidade. E tome clube de universidade tal e faculdade qual. Novamente se institucionalizava no Brasil uma política esportiva repleta de objetivos e ideais duvidosos. O passe do atleta “amador” passou a valer uma bolsa de estudos.
Concomitante e gradativamente se extingue a CBDU – Confederação Brasileira de Desportos Universitários. Há dois anos os Jogos Universitários Brasileiros estão sendo substituídos pelas Olimpíadas Universitárias, sob a gestão do COB – Comitê Olímpico Brasileiro. Menos mal, porque dirigida por estudantes universitários sem experiência, nada pode dar certo; afinal esporte é coisa séria e, mesmo sendo amador, tem que ser dirigido por profissionais.
As universidades estatais por sua vez, detentoras dos melhores parques esportivos do País, construídos pelos militares durante o tempo em que governaram, têm de contentar-se com disputas em subcategorias especiais nos eventos esportivos universitários nacionais, promovidos com dinheiro público. Suas parcas verbas mal dão para manter os grandiosos ginásios, piscinas e campos, subutilizados por estudantes desmotivados pela ausência de competições esportivas internas, locais e regionais. Seus docentes limitam-se às aulas dos cursos de formação de professores educação física. Nesse cenário, só vão às olimpíadas universitárias para perder. Não possuem a menor condição para competir com as instituições privadas, muito embora detenham os melhores recursos humanos, tanto docentes, quanto discentes. É bom lembrar que, ao contrário do que muitos pensam, é nas instituições de ensino superiores públicas que se encontra a elite da juventude brasileira. Só passa nos seus vestibulares quem vem de escolas particulares. Os de menores níveis sócio-econômicos estão nas universidades particulares, trabalhando de dia para pagar seus estudos da noite. Os que se dedicam à prática esportiva de rendimento têm que dividir seu tempo entre trabalho, estudo e treinamento. Melhor ainda é ser atleta de universidade particular e não pagar mensalidade.
Tentando dourar a pílula, há quem diga que esse é o modelo americano do norte; que devemos imitá-lo. Esquecem-se de que lá, o dogmático já está embutido na educação formal. O pragmático é interesse de todos, tanto público, quanto privado. É outra realidade.
Para não me alongar mais, encerro perguntando e respondendo: por que, mesmo com esses desatinos, o deporto brasileiro cresce em resultados? Resposta: Porque, felizmente, constituímo-nos num povo forte, inteligente e capaz de ganhar, mesmo em condições adversas, em meio ao caos. Somos fruto de um caldeamento de raças, o maior processo de miscigenação do mundo contemporâneo; amálgama forte que resiste às mais duras agressões internas e externas: mas que poderia ser muito melhor, poderia.... Basta mudar a cabeça dos nossos dirigentes civis e, pelo menos nesse aspecto, seguir o exemplo deixado pelos nossos comandantes militares. Esporte é saúde e dever do Estado. Está na Constituição!
Durante toda a década de setenta o tão criticado regime militar, mandatário do país durante vinte anos, em suas políticas educacionais dedicou atenção especial à saúde do povo brasileiro. Digo saúde, e não doença, pois vou tratar das atividades físico-desportivas que sempre foram o único instrumento de promoção da saúde em qualquer lugar desse planeta. Como dizíamos, os governantes militares, a exemplo do que fazem nos quartéis, estabeleceram por duas vezes – 74 e 78 – os PNEDs – Plano Nacional de Educação Física e Desportos. Em seu bojo essas políticas, com base na Carta Internacional de Educação Física e Desportos, propunham uma doutrina constituída por duas correntes filosóficas: dogmática e pragmática.
Trocando em miúdos, isto quer dizer que o cidadão durante toda sua vida deve estar consciente dos benefícios que as atividades físico-desportivas lhes proporcionam. Isto representa educação permanente para um estilo de vida saudável. Já o pragmatismo, deve levá-lo a competir, para melhorar sua performance biológica, psicológica e social, preparando-o para uma vida cada vez mais disputada. Através desse pragmatismo poderão surgir, natural e consequentemente, resultados que possibilitarão ao País subir aos podiuns internacionais. Foi assim que o Brasil melhorou significativamente, em 10 anos, seus resultados olímpicos.
Na década seguinte, veio à abertura e com ela a liberdade de pensar e agir capitaneada pelos pseudos intelectuais de plantão que nunca vestiram um calção na vida. Sob a égide de uma educação e cultura eminentemente cognitiva (esporte também é cultura), desobrigaram as universidades da prática da Educação Física com caráter desportivo, estabelecida pelo Decreto 69.450 de novembro de 1971. Extinguiram o DED – Departamento de Educação Física e Desporto, do então Ministério da Educação e Cultura. Criaram e fecharam secretarias e ministérios; aprovaram a lei fulano e lei beltrano; misturaram esporte amador com profissional. Como resultado, os clubes esportivos foram fechando suas portas e com eles as federações amadoras.
Deu-se então, início à fase da privatização do esporte. Fundamentada no neoliberalismo emergente, banco esse e aquele, empresa essa e aquela, visando tão somente os benefícios fiscais, criaram clubes e com eles o amadorismo marrom.
O sistema educacional como um todo, também privatizado, engole cada vez mais o sistema público. Considerando ser o esporte o maior atrativo para os jovens, as universidades particulares, após uma espetacular expansão no mercado recém criado, se aproveitam desse fenômeno social para fazer publicidade. E tome clube de universidade tal e faculdade qual. Novamente se institucionalizava no Brasil uma política esportiva repleta de objetivos e ideais duvidosos. O passe do atleta “amador” passou a valer uma bolsa de estudos.
Concomitante e gradativamente se extingue a CBDU – Confederação Brasileira de Desportos Universitários. Há dois anos os Jogos Universitários Brasileiros estão sendo substituídos pelas Olimpíadas Universitárias, sob a gestão do COB – Comitê Olímpico Brasileiro. Menos mal, porque dirigida por estudantes universitários sem experiência, nada pode dar certo; afinal esporte é coisa séria e, mesmo sendo amador, tem que ser dirigido por profissionais.
As universidades estatais por sua vez, detentoras dos melhores parques esportivos do País, construídos pelos militares durante o tempo em que governaram, têm de contentar-se com disputas em subcategorias especiais nos eventos esportivos universitários nacionais, promovidos com dinheiro público. Suas parcas verbas mal dão para manter os grandiosos ginásios, piscinas e campos, subutilizados por estudantes desmotivados pela ausência de competições esportivas internas, locais e regionais. Seus docentes limitam-se às aulas dos cursos de formação de professores educação física. Nesse cenário, só vão às olimpíadas universitárias para perder. Não possuem a menor condição para competir com as instituições privadas, muito embora detenham os melhores recursos humanos, tanto docentes, quanto discentes. É bom lembrar que, ao contrário do que muitos pensam, é nas instituições de ensino superiores públicas que se encontra a elite da juventude brasileira. Só passa nos seus vestibulares quem vem de escolas particulares. Os de menores níveis sócio-econômicos estão nas universidades particulares, trabalhando de dia para pagar seus estudos da noite. Os que se dedicam à prática esportiva de rendimento têm que dividir seu tempo entre trabalho, estudo e treinamento. Melhor ainda é ser atleta de universidade particular e não pagar mensalidade.
Tentando dourar a pílula, há quem diga que esse é o modelo americano do norte; que devemos imitá-lo. Esquecem-se de que lá, o dogmático já está embutido na educação formal. O pragmático é interesse de todos, tanto público, quanto privado. É outra realidade.
Para não me alongar mais, encerro perguntando e respondendo: por que, mesmo com esses desatinos, o deporto brasileiro cresce em resultados? Resposta: Porque, felizmente, constituímo-nos num povo forte, inteligente e capaz de ganhar, mesmo em condições adversas, em meio ao caos. Somos fruto de um caldeamento de raças, o maior processo de miscigenação do mundo contemporâneo; amálgama forte que resiste às mais duras agressões internas e externas: mas que poderia ser muito melhor, poderia.... Basta mudar a cabeça dos nossos dirigentes civis e, pelo menos nesse aspecto, seguir o exemplo deixado pelos nossos comandantes militares. Esporte é saúde e dever do Estado. Está na Constituição!
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