sexta-feira, outubro 20, 2006

Quanto o discurso não condiz com a realidade... Parte 1

Lendo e ouvindo, me deparei com inúmeros defensores do Rubens Barrichello, confesso fiquei assustado, nem sabia que ele tinha tantos. Comentários indignados soam através de microfones e saltam aos olhos nos textos de alguns patriotas bissextos. É engraçado o tom de revolta, contra uma possível agressão ao piloto brasileiro em sua “casa” o Brasil e em sua “cidade” São Paulo. Porém o mais assustador é a descarada hipocrisia na tentativa de exaltar a falta de respeito ao homem Barrichello e sua condição de ser humano. Nossa impressa às vezes passa do limite, em sua tentativa de considerar o leitor e o ouvinte néscio e abobalhado, logo a boa e velha imprensa, useira e vezeira em desrespeitar seres humanos. Quem começou a campanha desmoralizadora de Rubinho? Foram os europeus? Foram os jornalistas estrangeiros? Não... Foi à patriótica imprensa nacional que na tentativa de arranjar um herói pós Sena, jogou sobre o Rubens toda a responsabilidade de “curvar a fórmula 1” ao gênio imbatível dos brazucas sempre prontos a vingar nosso eterno sentimento de inferioridade. Como não deu certo, logo as ironias e piadas foram sendo estampadas nos jornais, nas rádios e até em programas de TV. Seria impossível colocar nesse espaço as piadas e os textos que desqualificavam o “nosso” corredor, sempre que Rubinho perdia ou tinha que sair da disputa por problemas mecânicos. Os comentários sutilmente desabonadores pipocavam. Portanto o que a equipe do Pânico fez, foi levar para uma entrevista com o Schumacher aquilo que corriqueiramente se fazia alhures e algures. Condenar os humoristas do Pânico é idiotice da grossa, eles sempre fizeram um humor cáustico e agressivo (se de bom ou mau gosto, é outra discussão), sempre arrancaram risos rasgados de todos, sempre foram assim, mesmo por vezes sendo inconvenientes, nunca foram taxados de grosseiros e desrespeitadores. O próprio Jô Soares cansou de tirar sarro do Barrichello e nunca ninguém ousou acusá-lo ou recriminá-lo. Desta feita a indignação surgiu por ter sido a “brincadeira” feita na frente de jornalistas forasteiros e diante do piloto alemão, mas se esquecem os críticos que até a imprensa nacional presente ao evento também riu da “piada”... Schumacher que não é nenhuma miss simpatia, apenas aderiu ao clima e repetiu ao “fingir que chorava”, o que sempre fez sem máscara, demonstrou sua pouca ou nenhuma consideração por Barrichello. O fato foi banal, poderia e deveria ter passado despercebido, pois o ato foi praticado por humoristas e não jornalistas e convenhamos a “tartaruguinha até que é simpática”.

Fernando Amaral.

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