terça-feira, outubro 24, 2006

O amor por um clube, não pode justificar tudo...


A idéia é escrever sobre esporte, mas o tempo e a contemplação, me ensinaram que no microcosmo do esporte, estão todas as virtudes e mazelas do macrocosmo onde nos inserimos. Lendo a coluna do Augusto César Gomes do Jornal de Hoje e o blog do Marcos Lopes, da Rádio Globo Natal, me deparei com mais um desses exemplos. Augusto em um tópico, anuncia o seguinte: “A assessoria de imprensa do CEFET/Natal, divulgou nota com o seguinte titulo: Torcida do CEFET-RN é proibida de entrar no Estádio Maria Lamas Farache durante os JERN’S”. Augusto prossegue contando que, segundo o professor José Arnóbio de Araújo Filho, todo um grupo de alunos da instituição foi barrado na porta do estádio. O motivo de tal medida, teria sido segundo explicação do presidente do ABC FC, Judas Tadeu, um atrito entre um aluno do CEFET e alunos da Escola João Marques de Santa Maria, em um jogo realizado no dia anterior. Ainda segundo o relato do presidente do clube proprietário do estádio, o dito aluno do CEFET, teria gritado dentro do estádio “Mecão”, numa clara alusão ao arqui-rival América. Tal “imprudência” do jovem. Irritou o presidente do clube, que solicitou sua expulsão do estádio por um grupo de policiais.
Ainda meio espantado por tal leitura, sigo meu “passeio” e chego ao blog do Marcos Lopes, que não só confirma o absurdo, mas acrescenta detalhes. Segundo Marcos, o presidente Judas Tadeu, teria confirmado o entrevero, em uma entrevista concedida ao repórter Francisco Inácio onde teria dito o seguinte: “Não estou arrependido e minha atitude foi respaldada pelo representante da CODESP (Coordenadoria de Esportes da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes do Rio Grande Norte), presente ao local, Pedro Albuquerque”. Teria ainda Judas dito, “Não vou admitir baderna no estádio”.
Bem, é nesse ponto que vou colocar minha colher... E vou começar pelo fim do imbróglio. A partir de agora, o ABC terá por obrigação divulgar uma cartilha, onde o conceito de baderna seja explicitado e deixar bem claro, quem estará sujeito a sanções e quem estará livre de punições. Não duvido, que o aluno do CEFET tenha feito alguma estripulia, assim como é provável que os alunos da Escola João Marques, também tenham passado dos limites, mas se bem me recordo, adolescentes em fase escolar costumam ser assim mesmo. Por outro lado, acho que alguém deveria ouvir o Sr. Pedro Albuquerque, pois se ele respaldou o presidente Judas Tadeu, deve ter o que dizer.
E é aqui que entra a inserção do microcosmo, no macrocosmo, chamado mundo... No esporte temos caudilhos, temos ditadores, temos intolerantes. Da mesma forma como os temos em paises e em povos. No futebol, temos clubes que acreditam serem nações e torcidas que crêem serem “raças superiores”. Da mesma maneira que acontece nas relações entre estados e pessoas. Porém, me espanta que isso seja visto como algo normal e justo, não, não é! E deveria ser combatido e desestimulado, talvez esteja aí uma das pontas da raiz da violência no futebol. Não é possível que o mesmo homem, que contra tudo e contra todos, sustentou a idéia de construir um estádio, de ampliar a patrimônio de seu clube e que busca dinamizar e modernizar o modus operandi administrativo do ABC, seja o mesmo homem, capaz de agir como um membro radical da Gangue Alvinegra. Conheço Judas, sei que ele é um homem de bem, mas também sei que lhe falta jogo de cintura para administrar suas emoções de torcedor, sei que qualquer provocação, é aceita sem pestanejar e me admira que seus amigos mais próximos, ainda não o tenham alertado para o perigo de tal postura. Quantas vezes, o presidente do ABC, já foi matreiramente colocado em situação difícil por repórteres e adversários cônscios dessa fragilidade? Judas não é um Stalin, nem um Arkan do sertão, Judas é apenas o presidente que ainda não conseguiu descer das mangueiras a volta do velho Juvenal Lamartine e isso é que o torna por vezes, vitima desse “bichinho” que mora dentro de cada um de nós, e que se não for enjaulado, nos faz truculentos, irascíveis, intolerantes e capazes de achar que somos possuidores do direito de decidir, qual a camisa que deve ou não ser considerada digna e que saudação é a mais adequada...
AVE CÉSAR, A GUARDA PRETORIANA TE SAÚDA!

Um comentário:

lfdfilho disse...

Ave!