Era um desses sábados iguais a todos os sábados quando se é jovem. Um dia dedicado a festejar, curtir a vida, badalar, jogar conversa fora e paquerar as moças que circulavam faceiras pela boate do Hotel Heron em Brasília. Éramos uns 5, todos no melhor estilo galã de sábado à noite. A música corria solta e a pista lotada de dançarinos de fim de semana prometia. Até que lá pelas 3 da manhã, Dico chegou com aquele ar de super-herói e disse: “Tem um babaca ali que vai levar umas porradas”... E todos perguntam quem é. Qual será a dele? Ao que Dico respondeu: “O cara é um bundão, magrelo, baixinho e abusado”. Tomado pela testosterona, caminhei até próximo onde estava o “idiota” que logo seria espancado por todos nós, afinal, brigar com um significava brigar com todos. Mirei a peça de cima a baixo e concluí que nem seria preciso suar muito - uns dois ou três socos resolveriam o problema. Voltei para junto do quarteto que me esperava já pronto para o combate. Deixamos os copos sobre o balcão e caminhamos em direção ao “pato”. Seria um final de noite perfeito. Cinco garotões a afirmar a tapas sua masculinidade e virilidade. Seriamos os “caras” naquele sábado de inverno.
Cerca de uns dez passos da mesa do otário, Pedro Abelha estanca abre os braços e para todos nós. Vira-se e pergunta se sabíamos quem era ele. Atrás de mim, o Wilton diz: “É um merdão!”. Pedro volta a questionar: “Vocês não o conhecem?”. E Niemayer replica: “Não sei quem é, só sei que vai apanhar”. Então Pedro, entre assustado e perplexo, exclama: “É o Testa, porra! E aquele do lado dele é o irmão dele, o Tadute!”. Foi quando lembrei dos dois e confesso, me deu um forte calafrio. O Baixinho magrelo e bundão era nada menos que o campeão brasiliense de karatê universitário e ao seu lado estava seu irmão Tadute que tinha acabado de retornar do Japão, onde fora buscar sua faixa preta em um torneio onde só os “feras” participavam.
Demos meia volta e sorrateiramente, buscamos a saída mais próxima. Ao chegar ao carro do Wilton quase espancamos o Dico que só conseguia dizer uma frase: “Como é que eu ia adivinhar quem era o cara?”. Logo mais o América vai entrar no Machadão para enfrentar o São Raimundo, o time amazonense tem uma campanha bem fraquinha, seu futebol não é de meter medo em quase ninguém e os rubros são francos favoritos. Mas é bom, antes de cantar vitória, ver se o Testa e o Tadute não estão entre eles.
Fernando Amaral.
Cerca de uns dez passos da mesa do otário, Pedro Abelha estanca abre os braços e para todos nós. Vira-se e pergunta se sabíamos quem era ele. Atrás de mim, o Wilton diz: “É um merdão!”. Pedro volta a questionar: “Vocês não o conhecem?”. E Niemayer replica: “Não sei quem é, só sei que vai apanhar”. Então Pedro, entre assustado e perplexo, exclama: “É o Testa, porra! E aquele do lado dele é o irmão dele, o Tadute!”. Foi quando lembrei dos dois e confesso, me deu um forte calafrio. O Baixinho magrelo e bundão era nada menos que o campeão brasiliense de karatê universitário e ao seu lado estava seu irmão Tadute que tinha acabado de retornar do Japão, onde fora buscar sua faixa preta em um torneio onde só os “feras” participavam.
Demos meia volta e sorrateiramente, buscamos a saída mais próxima. Ao chegar ao carro do Wilton quase espancamos o Dico que só conseguia dizer uma frase: “Como é que eu ia adivinhar quem era o cara?”. Logo mais o América vai entrar no Machadão para enfrentar o São Raimundo, o time amazonense tem uma campanha bem fraquinha, seu futebol não é de meter medo em quase ninguém e os rubros são francos favoritos. Mas é bom, antes de cantar vitória, ver se o Testa e o Tadute não estão entre eles.
Fernando Amaral.
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